
Ainda é uma incógnita as derrotas eleitorais de aliados históricos, fieis defensores do alcaide mariense e de seu projeto de perpetuação no poder. Destaque para as derrotas de Nelma Morais, tida como secretária particular do prefeito, Magdiel Olinto, tido como “o pitbull de AG” e Neta Dionízio, parlamentar totalmente alinhada as determinações da prefeitura.
A dúvida central é: essas perdas ocorreram pela falta de apoio estratégico ou os aliados foram simplesmente abandonados durante o processo eleitoral?
O peso das alianças
No contexto de cidades menores, como Marí, alianças políticas têm um impacto direto no resultado eleitoral. Historicamente, os candidatos alinhados com a administração municipal têm vantagem, pois contam com a estrutura da gestão, suporte logístico e, muitas vezes, a chancela do prefeito, que costuma transferir apoios e prestígios para os seus mais chegados.
Falta de apoio ou abandono político?
Um dos argumentos mais levantados nos bastidores da política de Marí é que os “aliados históricos” do prefeito se sentiram abandonados durante a campanha. A ausência de apoio direto, seja em articulação ou recursos, pode ter contribuído para a derrota do trio que a olhos nú da sociedade seriam as pessoas de confiança de Antonio.
Na prática, pelo que se viu as três candidaturas [Nelma, Magdiel e Neta] não interessavam ao prefeito e a sua família, já que esses tinham compromisso moral em fazer o herdeiro político dos Gomes [José], o candidato mais votado do pleito. Não só ele, o filho do candidato a vice, que de certa forma tem parentesco com a família do prefeito era uma das prioridades do grupo. Enquanto esses e alguns outros poucos receberam atenção e apoio consideráveis, outros foram deixados “à própria sorte”.
Além disso, há informações de bastidores que o prefeito priorizou candidatos considerados mais estratégicos para seu projeto político de longo prazo, a exemplo da candidatura de Kessinha de Osimar – que foi eleita – e Nice do Assentamento e da própria Vânia de Zú, esta última garantindo maioria de votos para a candidata a prefeita Lucinha da saúde em seu curral eleitoral, Lagoa do Felíx.
A candidatura de Nelma Morais e as expectativas
Logo que a campanha começou a candidatura de Nelma Morais ganhou impulso, tomou as ruas e projeções de vitória, o que preocupou setores do governo que passou a minar o campo de captação de votos de Nelma.
Figura de constante contato com as pessoas mais carentes, tida como braço direito do prefeito ao longo dos oito anos de seus dois mandatos, onde sua residência era tida como ‘escritório informal’ do alcaíde, Nelma começou a despertar desconfiança logo ao se lançar candidata. O próprio prefeito era contrário a sua postulação por entender que prejudicaria a reeleição do filho. Daí em diante, a filha de Roxinho começou a ser excluída das articulações sociais do governo e nos últimos dias que antecederam ao pleito, era nítida a ‘desnutrição’ de sua campanha, enquanto que campanhas que começaram menos expressivas foram ganhando força e possibilidades reais de vencer, a exemplo das candidaturas de Kessinha, Tânia de Josa e da dupla Nice/Vania que se avolumou. Alí já se tinha a decretação da derrota de Morais, sem nenhum pudor.
Neta e Magdiel desestabilizados
Enquanto Neta se empenhava na campanha da candidata a prefeita, seus apoios iam sendo minados, sobretudo na área de educação, onde tem forte penetração com indicação de cargos e contratos de familiares e aliados. Foi justamente na educação onde se concentrou o maior número de cabos eleitorais de José.
Em se tratando de Magdiel Olinto, apesar de sua aproximação com a família de Lucinha da Saúde, a máquina do poder moeu pesado apoios seus, mesmo se mostrando aliado de primeira hora do alcaide mariense.
Magdiel comprou brigas desnecessárias com a oposição, foi para o front do embate com o ex-prefeito, principal candidato da oposição. A contar pelo seu trabalho em defesa do inquilino da prefeitura, da própria candidata eleita e de sua articulação para atrair uma fábrica que ofertou mais de 300 oportunidades de trabalho, não tem outra explicação se não a conspiração dentro dos mais próximos da alta ala governista para derrotá-lo.
Melhor negociar com ‘chefe do centrão’ do que com um fiel aliado
O fracasso desses “aliados históricos” do prefeito expõe a falta de comprometimento do próprio grupo e do próprio líder político em prestigiar quem sempre lhe foi fiel. Para o prefeito é mais fácil negociar com um ‘chefe do centrão’ [como ocorreu no sábado que antecedeu o dia da eleição] do que com um Magdiel, aliado fiel, mas exigente, correto e firme nas posições.
De longe, a candidatura de Magdiel sempre foi vista pelo inquilino da prefeitura como um problema para as suas pretensões e articulações políticas, mesmo Olinto se apresentando como ardoroso defensor das ações do governo.
Lições para a classe política
As derrotas de personalidades simbólicas do ‘gomismo’ não foram por acaso ou ironia do destino, elas tiveram desfechos propositais, o que demonstra a falta de consideração do grupo político que prefere se aventurar com candidatos ‘vira folha’. Valorizar os aliados históricos, oferecer apoio real e fortalecer a coesão interna deveriam ter sido atitudes do líder político, que preferiu priorizar os interesses extremamente particulares e individuais em detrimento de chegar a vitória ladeado de aliados que nunca lhe abandonaram, mesmo quando tiveram oportunidade de fazê-lo.
Aliados precisam ser valorizados
O panorama resultante das urnas em se tratando do legislativo mariense expõe as fragilidades de um grupo político que, apesar de liderar o executivo municipal, não conseguiu prestigiar os seus aliados mais leais.
Resta saber se a prefeita eleita Lucinha da Saúde irá reparar esse erro grave de seu antecessor e valorizar com posição de destaque quem foi fiel a ela, muito mais do que a se próprio, como foi o caso de Nelma, Magdiel e Neta.
Redação/ExpressoPB





