De repente o telefone toca, o interlocutor atende e é tratado como chefe (!). A resposta é “centrão na escuta”. A conversa prossegue sem que quem estivesse ao redor pudesse saber do que se tratava naquela ligação telefônica.
O interlocutor principal é Adriano Monteiro, o popular Loi da Saúde, vereador de Mari que está em seu segundo mandato, mas atua como velho conhecido dos bastidores do poder.
A ousadia de Loi ao traquejar o jogo político entre legislativo e executivo é como se ele tivesse anos de atuação, batendo até a mais veterana da casa, Vania de Zú, que está em seu quinto mandato.
Foi eleito em 2016 pelo grupo Martins, mas aderiu ao grupo vencedor antes mesmo da posse de Antonio Gomes em janeiro de 2017. De lá para cá, Loi dá as cartas em quase todas as decisões políticas que envolve a câmara e o governo, sem ocupar cargo relevante na mesa diretora do poder legislativo mariense.
Reeleito em 2020, o poder de Loi aumentou ao ponte de criar sob sua órbita um grupo de parlamentares que não se incomodam em está sempre dispostos a seguir a orientação do referido parlamentar, que de própria voz rotulou o grupo de ‘centrão’.
Diferente do alagoano Arthur Lira que, no Congresso, lidera o centrão e seguiu até bem pouco tempo cegamente as ordens do Planalto com Bolsonaro na Presidência, Loi age de acordo com suas próprias convicções, dependendo das circunstâncias e do que de bom vai lhe render, pode contar com ele, seja para lá ou seja para cá.
No grupo, Loi consegue comandar cerca de seis a sete vereadores que conforme sua vontade seguem a risca sua orientação. O grupo obstrui sessões, esvaziam solenidades e/ou aprovam ‘sem ressalvas’ qualquer pauta do executivo, desde que estes estejam de bem com o prefeito. Como tudo tem um preço, que necessariamente não se trata de dinheiro, é de favores que todo parlamentar precisa, lá está Loi e seus colegas prontos para boas conversas.
A fidelidade do centrão ao governo é imprescindível para que os projetos do executivo passem aprovados pelo crivo do legislativo, mas não só isso: na política, por exemplo, o centrão dá o tom das articulações, ou pelo menos vem dando o tom até bem pouco tempo.
O prefeito Antonio Gomes indicou a pré-candidatura da vice-prefeita Lucinha da Saúde a sua sucessão em 2024, mas assistiu resistência dentro do grupo e o ‘centrão’ impulsionou dentro do parlamento a possibilidade de lançar o nome do atual Presidente da Câmara, Betinho Baltazar, a peitar o prefeito. Logo foi demovido a partir de uma articulação do próprio AG junto ao líder do centrão que desmobilizou todo o grupo.
Em recente episódio, quando da visita do Senador Veneziano à Mari para a assinatura de uma ordem de serviço, Loi conseguiu desarticular a presença de praticamente todos os vereadores. Salvo pelo ‘gongo’ estiveram presentes Alisson Gomes – filho do prefeito – e Elias Cabral.
Criado politicamente sob a sombra dos Martins, Adriano Monteiro, o popular Loi da Saúde, foi secretário do Governo de Marcos Martins entre 2013 e 2016, mas foi na política que ele tomou gosto e tem a seu favor uma sólida e bem-sucedida experiência de vivência política com os Martins, mais precisamente com o seu José Martins, patriarca da família Martins, com mais de 60 anos de atuação sindical, tendo sido presidente por mais de seis décadas.
Pragmático, astucioso e experiente, basta saber se após toda essa movimentação nas entranhas do poder, Loi da Sáude vai conseguir estender seu poder de articulação, convencimento e de estratégia até o eleitor mais uma vez. Se conseguir vai se tornar uma das figuras mais proeminentes da política local nos últimos anos e vai deixar veteranos no chinelo.
Redação/ExpressoPB