Ela começou vendendo bolo a R$ 10 reais e hoje fatura R$ 3 milhões ensinando o que aprendeu na área

Publicado em quarta-feira, abril 5, 2023 · Comentar 


Fernanda Yamao começou vendendo bolos e hoje compartilha o que aprendeu com alunos dos seus cursos (Foto: Divulgação)

Uma advogada, filha de médico, vendendo bolos no interior de Rondônia. Essa realidade não correspondia ao planejamento de uma família que investiu no futuro de toga para a filha. Mas, a despeito de expectativas externas, Fernanda Yamao viu a vida pessoal e profissional virar um emaranhado em 2015. Para desatar os nós, ela puxou o fio das memórias afetivas até chegar à solução: receitas de bolo da avó. Assim, surgiu um negócio que mudou de cara em oito anos e faturou R$ 3 milhões em 2021, com meta de R$ 10 milhões em 2022.

“Ajudo você a faturar mais de R$ 5 mil por mês com bolos caseiros, trabalhando em casa”, diz o perfil da empresária no Instagram, onde soma 202 mil seguidores. No YouTube, são 208 mil inscritos.

A empreendedora que hoje fatura milhões ensinando outras pessoas a empreender com bolo começou de forma bem tradicional, produzindo os doces com três formas e um forno elétrico doméstico na cozinha de casa, em Ouro Preto do Oeste, cidade a 330 quilômetros de Porto Velho.

“Quando vai passando os dias, a gente vai se adaptando, melhorando, vendo a melhor forma de trabalhar, como fazer um bolo mais rápido, trabalhar menos e ganhar mais. Quando olhei para trás, pensei: e se eu ensinar tudo o que eu fiz e fui melhorando? Isso aqui é um curso, é um método para fazer e vender bolo em casa”, explica Yamao.

Assim, ela decidiu não mais trabalhar na produção caseira, mas sim na estruturação de todo esse saber que serviu de base para ela criar um infoproduto. Em um estúdio construído em casa, ela grava conteúdos que ensinam desde os aspectos mais técnicos das receitas familiares, até a parte mais logística e burocrática para fazer funcionar um empreendimento aos moldes do que ela começou.

De olho nas ferramentas de marketing digital, ela conta que hoje já atingiu uma massa de 12 mil alunos dentro e fora do Brasil. Dentre eles, diz que já existem cases de quem fatura até R$ 50 mil por mês com duas lojas abertas. Além de conteúdo pago, ela produz alternativas gratuitas, como lives nas redes sociais.

“A grande virada foi quando eu comecei a ensinar em 2019 e o primeiro milhão veio em 2020”, compartilha a empresária. Em 2021, o faturamento triplicou e, para este ano, ela quer chegar a R$ 10 milhões.

Início conturbado

Yamao começou a vender bolos em meados de 2015. Naquela época, ela ainda advogava em poucos processos e era sócia de dois restaurantes que já sinalizavam estar em crise.

Um parto prematuro dos filhos gêmeos, em janeiro de 2015, levou-a para São Paulo por cerca de seis meses. Ao retornar para Rondônia, ela decidiu que não queria mais advogar e precisava encontrar algo para ganhar dinheiro dentro de casa.

“Decidi tentar vender bolo porque, se começasse e não desse certo, estava tudo bem. Não precisei investir nada. Já tinha um forno, comprei três formas e comecei”, lembra Yamao.

O sucesso ou fracasso de um negócio em uma cidade pequena logo vira notícia. E, no caso dela, ainda tinha um fator da influência da família na região.

“Nossa família é muito antiga na cidade. Todo mundo me conhecia. Eu era ‘doutora’. Então as pessoas falavam: nossa, a Fernanda, filha do doutor Paulo, vendendo bolo de R$ 10”, relembra. “Isso incomodou demais porque tinha uma cobrança dos meus pais, que pagaram faculdade, apartamento, pós-graduação em Ribeirão Preto (SP), para depois a filha parar tudo e ficar o dia inteiro com farinha, vendendo bolo”, acrescenta.

Apesar dos questionamentos, Yamao continuou. No início, eram dez unidades diárias. Logo, tornaram-se 20, depois 30, até chegar a 60 bolos por dia. Na época, os ganhos mensais chegavam a R$ 6 mil e, em épocas festivas, a R$ 9 mil.

O interesse recorrente das pessoas em, assim como ela, ganhar dinheiro com bolo, fez a pequena empresária perceber que tinha nas mãos um conhecimento que, se compartilhado de maneira estratégica, poderia transformar e expandir o negócio.

Hoje, seu negócio funciona com uma estrutura enxuta: são seis funcionários diretos, além de serviços terceirizados. As metas futuras, além de focar na produção de conteúdo digital, envolvem a formatação de um projeto de mentoria para alunos que chegaram aos R$ 5 mil mensais, produção de um livro e de um marketplace para a venda de utensílios de cozinha e materiais de confeitaria.

Redação/PEGN

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