Ato celebra a Memória dos Mártires da Luta pela Terra: 61 anos do assassinato do líder popular João Pedro Teixeira

Publicado em segunda-feira, abril 3, 2023 · Comentar 


O lema deste ano foi: “Cultivando nossa história e colhendo resistências contra as violências do presente.”

O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas celebrou, nesse domingo (2), o Ato em Memória dos Mártires da Luta pela Terra. O evento aconteceu a partir das 14h, no Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, na comunidade Tradicional de Barra de Antas, em Sapé, no Brejo paraibano.

O lema deste ano foi: “Cultivando nossa história e colhendo resistências contra as violências do presente.”

Realizado anualmente desde 2010, o Ato surgiu na perspectiva de fazer denúncia e  homenagear a memória de João Pedro Teixeira. Porém, após o cinquentenário do assassinato do líder campesino, a celebração passou a envolver os principais mártires da luta pela terra, assassinados na defesa dos direitos do povo camponês: Nego Fuba (João Alfredo Dias), Pedro Fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo), Margarida Maria Alves, dentre outras/os.

Segundo a presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, Aline Lima, o momento foi de denúncia do cenário de violências que ainda permanecem no campo, com assassinatos, perseguições e ameaças. Como também da violência causada pelo Estado, com os grandes projetos, como o da barragem e o do canal da transposição, que passa pelas áreas de reforma agrária de uma forma muito violenta, sem levar em consideração a relação que os camponeses têm pela terra.

Ainda de acordo com Aline, o valor pago como indenização aos moradores nativos é ínfimo: “O estado chega prometendo coisas, dizendo que vai pagar indenização… No entanto, a gente sabe que o valor pago é ínfimo… É muito baixo comparado ao valor que aquele espaço, onde o canal, passa tem”.

O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, este ano, destacou a luta contra a instalação da barragem, visto que ela irá atingir a região berço das Ligas Camponesas, território que recebeu do Ministério Público Federal, em 2007, o título de comunidade tradicional de Barra de Antas.

“Esta também se configura como uma tentativa de afogamento da história. O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, que foi tombado pelo governo do Estado pelo IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba), tem um reconhecimento internacional inclusive. O 02 de abril serve para a gente fazer memória a estes Mártires. Mas também serve para reafirmar as suas lutas, assim como Elizabeth Teixeira se comprometeu, na luta, a dar essa continuidade. A gente reafirma que essa continuidade foi dada por Elizabeth, mas por tantos e tantas que assim vêm, no dia-a-dia, mantendo a resistência, produzindo alimentos, tendo a memória como um fator importante para a continuidade”, destaca Alane.

 

Redação/Notícia Paraíba

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