Ela não sabia nem mandar e-mail e hoje fatura R$ 890 mil vendendo roupas plus size na internet

Publicado em sábado, fevereiro 25, 2023 · Comentar 


Desde muito cedo, a baiana Doria Miranda, de 50 anos, trabalhou no comércio. Um de seus primeiros empregos, ainda antes da transição de gênero, foi como mordomo, aos 18 anos, em uma loja de vestidos de noiva. Foi lá que ela fez a primeira venda e, depois, não parou mais. Em 2018, Miranda fundou uma marca de roupas de inspiração indiana com quiosques em shopping center e supermercados, mas o negócio sofreu com a chegada da pandemia.

No período, ela estava fazendo a transição de quiosques para lojas, mas acabou perdendo tudo com a chegada da crise sanitária e a obrigação de fechar os pontos de venda. “Eu precisei ir para a internet, e não sabia fazer nada, nem passar um e-mail. Era analfabeta digital total. Me vi falida.” 

Com o apoio do marido, Thiago Shiraishi, Miranda conseguiu levar as vendas para as redes sociais no final de abril de 2020. Ela começou com o estoque que tinha em casa, de cerca de R$ 10 mil, fazendo entregas em estações de metrô ou até na casa do cliente. “Ralamos bastante”, diz.

Em 2021, o negócio teve uma guinada: Miranda teve sua história de vida, passando pelo abandono familiar, contada por um documentário no YouTube. A visibilidade trouxe mais procura pelos seus produtos. “Precisei contratar pessoas para me ajudar.”

Na mesma época, a empreendedora passou a se dedicar à moda plus size. Com novo foco e novo nome, a marca Doria Miranda Plus deslanchou. Em 2022, o faturamento foi de R$ 890 mil.

Doria Miranda, dona da marca Doria Miranda Plus — Foto: Divulgação

Doria Miranda, dona da marca Doria Miranda Plus — Foto: Divulgação

Conforme ia aparecendo mais nas mídias da marca, Miranda se reconhecia como uma influência para outras mulheres trans. Isso a fez aumentar a própria autoestima, além de criar uma comunidade engajada. Hoje, a página da marca no Instagram soma mais de 112 mil seguidores.

“Foi na internet que eu me descobri uma mulher transexual babadeira, carismática, com a autoestima curada. Isso me ajudou a chegar aonde estou. Hoje meu público são mulheres cis e trans plus size”, diz.

O contato mais próximo com o público fez com que Miranda alterasse alguns pontos cruciais no negócio. A grade, que antes era limitada ao 56, por exemplo, agora vai até o 60. Todas as peças são desenhadas pela própria empreendedora e finalizadas com parceiros. No ano passado, além das contratações e do aumento de produção para dar conta dos pedidos, Miranda precisou contratar uma consultoria e conseguiu elevar o investimento em marketing.

“Meu sócio é meu esposo. Ele foi o culpado por toda essa reviravolta na minha vida, pois na pandemia, além da falência, ainda tive uma recaída pesada de depressão. Meus desafios foram aprender a vender online, aceitar a nova fase e ressuscitar a autoestima.” Agora, para 2023, a expectativa da empreendedora é bater o primeiro R$ 1 milhão em faturamento.

Da Redação 
Com PEGN

 

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