Chinês de 19 anos pode ser pessoa mais nova já diagnosticada com Alzheimer

Publicado em terça-feira, fevereiro 21, 2023 · Comentar 


Uma equipe de médicos chineses reportou, no Journal of Alzheimer’s Disease, o diagnóstico de Alzheimer ao paciente mais jovem já atendido. Trata-se de um homem de 19 anos que, segundo os especialistas, apresenta problemas de memória há dois anos e cuja família não tem histórico com a doença.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e irreversível que provoca a diminuição das capacidades cerebrais, por meio da morte dos neurônios. É o tipo de demência mais comum e gera perda da memória e da linguagem, entre outras consequências.

Normalmente, a doença é diagnosticada em pessoas acima dos 65 anos. Casos precoces já haviam sido relatados em pacientes a partir dos 30 anos, mas nunca em um indivíduo tão novo como este jovem chinês.

Os familiares do paciente contam que o jovem nunca apresentou problemas de ordem neurológica durante a infância. Segundo eles, os sintomas de memória só começaram a aparecer dois anos antes do diagnóstico.

O jovem tinha um desempenho acadêmico acima da média. Com o início do declínio cognitivo, porém, ele não conseguiu concluir os estudos e precisou desistir do ensino médio.

“Ele não conseguia se lembrar dos eventos de apenas um dia antes ou dos lugares de seus pertences pessoais. Ele também tinha dificuldade em ler e reagir. Ele não conseguia lembrar se havia comido ou não”, relataram os pais ao jornal South China Morning Post.

O que apontam os exames?

Os médicos especialistas explicam que, nos pacientes mais jovens, quase sempre a culpa do desenvolvimento da doença é uma mutação genética. A equipe já havia descartado a possibilidade de uma mutação hereditária neste caso, uma vez que ninguém mais na família do paciente apresentava demência.

Uma bateria de exames foi feita com o jovem. Imagens de seu cérebro mostraram alterações no hipocampo e no lobo temporal e amostras do líquido cefalorraquidiano (LCR) indicavam níveis elevados de biomarcadores associados à doença.

Contudo, os testes não encontraram no paciente placas de β-amilóide e emaranhados de tau, característicos da doença de Alzheimer no cérebro. Os médicos sugerem que isso pode ser um reflexo da idade do paciente, apontando uma possível proteção do acúmulo dessas proteínas.

Também por conta da juventude do paciente, a equipe enfrentou limitações para estudar o caso. Ele era muito novo para realizar uma biópsia cerebral, uma vez que o procedimento invasivo trazia riscos de efeitos colaterais graves.

Sem o teste, o paciente precisará ser acompanhado para mapear a progressão da doença a longo prazo. Apesar disso, foi possível chegar ao provável diagnóstico de Alzheimer.

A descoberta representa uma expansão da compreensão médica sobre a patologia e abre espaço para mais estudos sobre essa condição de impacto global. “Explorar os mistérios dos jovens com doença de Alzheimer pode se tornar uma das questões científicas mais desafiadoras do futuro”, explicita a equipe.

Da Redação 
Com Revista Galileu

Comentários