Policial Militar de Campina Grande debocha de tiroteio na UEPB: “por que não se defenderam com livros?”

Publicado em sábado, abril 6, 2019 · Comentar 


Uma tentativa de assalto no campus da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em Campina Grande (PB) deixou pelo menos 16 pessoas feridas na última segunda-feira (1).
Um vigilante e uma estudante foram baleados durante a troca de tiros, enquanto as outras vítimas são alunos que se feriram ao tentar fugir do local. Alguns chegaram a pular do primeiro andar.

Segundo a Polícia Militar, os criminosos entraram no local fingindo ser estudantes. Um dos assaltantes portava um fuzil dentro de um “case” de violão.

No momento da ação criminosa, havia cerca de 5 mil alunos e funcionários no prédio da Central Integrada de Aulas da UEPB, onde fica uma agência do Banco Santander.
A assessoria de imprensa da universidade informou que um grupo armado chegou em dois automóveis e assaltou um carro-forte que iria deixar dinheiro na agência bancária. Houve intensa troca de tiros.

Os alunos não sabiam inicialmente o que estava ocorrendo e muitos estudantes entraram em desespero temendo que estivesse acontecendo um massacre semelhante ao que ocorreu em Suzano, São Paulo.

Os criminosos conseguiram fugir levando malotes de dinheiro e uma arma de um dos vigilantes. Até a tarde desta quinta-feira (4), nenhum dos suspeitos que participaram do assalto foi preso.

Deboche

No Instagram, um policial militar de Campina Grande (PB) ironizou as vítimas. Ele apagou a publicação após a repercussão negativa do post. “Por que alunos e professores não saíram com livros nas mãos e enfrentaram os bandidos?”, questionou o sargento Wellington Cobra em tom de deboche.

“Que pena que os alunos esquerdopatas e bestializados não estavam naquele momento munidos de pombas brancas […] outra solução seria chamar um professor comunista, especialista em negociação, para ler uma linda poesia”, continuou o PM.

Fotos : Reprodução / Instagram

Embora tenha apagado a publicação depois de ser criticado, leitores enviaram ao Pragmatismo Político prints do post do policial militar:
Feridos.

A assessoria do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande informou que muitos estudantes se machucaram após pularem escadas e muros durante a correria.

Três estudantes com fraturas nos membros inferiores foram internados. Outros dez alunos também fraturaram membros inferiores, mas já estão em casa.

O vigilante foi baleado na perna e encontra-se fora de risco. Uma aluna foi alvejada com um tiro de raspão nas costas e já recebeu alta médica.

“Tive que correr para viver”
O vigilante Erivaldo Barbosa, que trabalha na UEPB armado com um revólver com apenas seis balas, disse que precisou “correr para sobreviver”. Os bandidos portavam pistola e fuzil.

“O carro-forte apareceu. Aí eu olhei e pensei: “O perigo agora é grande”. Aí veio o primeiro segurança do carro-forte pegar a senha pra depositar o dinheiro. Quando ele voltou foi que o outro segurança veio com malote de dinheiro”, disse.

Nesse instante os homens sacaram as armas e anunciaram o assalto. “Eu estava na frente. Aí o cara da pistola entrou e disse: “para, para, para” e atirou. Eu consegui desviar, puxei minha arma e dei dois disparos nele. Só que o outro passou correndo com o fuzil. Eu efetuei mais quatro disparos e vi que minha arma havia acabado a munição. Tive que correr para não morrer ali”.

“Eu fiquei preocupado com os alunos, porque eles estavam ali na hora do intervalo da aula, depois de 9h30 pra lanchar e conversar. Havia muita gente mesmo”, acrescentou.

Massacre como o de Suzano

Alunos cogitaram a possibilidade de estar havendo um massacre como o que ocorreu em Suzano (SP). “Houve o primeiro tiro e a gente não soube o que aconteceu de início. A gente pensou que de fato fosse uma encenação, por causa de um evento que está tendo na UEPB. Só que a gente viu a correria. E quando a gente viu isso todo mundo saiu correndo. A gente ouviu muito tiro e pensou que era o que tinha acontecido na escola, em Suzano”, revelou um estudante.

“No primeiro tiro ficou todo mundo parado, depois vieram os outros e aí todo mundo se desesperou. A gente estava no auditório. Fechamos a porta e desligamos as luzes, pra não chamar atenção, pois lembramos do caso de Suzano. A gente ficou com medo de ser um massacre”, contou uma aluna.

Da Redação com Pragmatismo Político

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