Em um cemitério de lápides simples circundadas por bandeirolas dos Estados Unidos, foi enterrado às 16h desta quarta-feira (26/1) o escritor Olavo de Carvalho, morto aos 74 anos.
Antes disso, ao longo de uma hora, Olavo foi velado, com caixão fechado, no próprio Cemitério St. Joseph, em Petersburg, na Virgínia (EUA), onde ele viveu por quase duas décadas.
Uma tenda azul foi montada para abrigar os presentes do sol e do vento no local. Além de familiares do escritor e considerado “guru” do governo Jair Bolsonaro, estiveram na solenidade o ex-chanceler brasileiro Ernesto Araújo, o embaixador brasileiro nos EUA Nestor Forster, e o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, contra quem há um pedido de extradição expedido pelo STF. Todos eram seguidores das ideias filosóficas e políticas de Olavo.
A cerimônia, acompanhada à distância pela reportagem, foi conduzida pelo padre Gino Rossi, líder religioso da Igreja St. Joseph, que Olavo costumava frequentar. Além de rezar, os presentes entoaram cânticos católicos.
Cerca de 30 pessoas acompanharam a cerimônia. Nenhuma delas utilizava máscara.
Antes que o caixão descesse à cova, a mulher, os filhos e os demais convidados do funeral se retiraram do cemitério e não acompanharam quando três funcionários desceram o caixão de Olavo.
“É um momento muito emotivo”, explicou um dos funcionários à reportagem, dizendo que parte das famílias americanas preferem delegar o momento a profissionais para se poupar emocionalmente.
A cova em que o caixão foi depositado foi coberta com uma placa de gesso dourada, um punhado de terra e um tapete de grama. Uma coroa de flores foi depositada no local.
Olavo morreu na noite desta segunda, 24/1, depois de passar dez dias internado no hospital John Randolph Medical Center. Lidando com problemas renais e cardíacos nos últimos meses, que até o levaram ao Brasil parar tratamento no sistema público de saúde, ele foi internado no dia 14/1 e, no dia seguinte, sua conta no Telegram informou aos seguidores que as aulas de seu curso de filosofia tinham sido canceladas porque “o professor foi diagnosticado com covid e já se recupera”.
“Esse vírus mocoronga mata mesmo as pessoas ou só ajuda a entrar nas estatísticas?”, questionou Olavo em suas redes há um ano.
Ele também questionava a eficácia de medidas como quarentenas e máscaras pra conter o espalhamento da doença, em consonância com as posições do presidente Bolsonaro. Considerado o líder ideológico da nova direita que ascendeu ao poder com Bolsonaro, Olavo mantinha com o governo relação ambígua.
Antes de morrer, há cerca de um mês, chegou a reclamar que “meus amigos”, como Araújo, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o da Educação Abraham Weintraub, tinham sido retirados do governo e afirmou que a eleição de 2022 já estava perdida para Bolsonaro.
Da redação/ Com BBC News