Aos 27 anos, ele fatura R$ 32 milhões por ano fabricando gelos para drinques

Publicado em segunda-feira, setembro 25, 2023 · Comentar 


Pedro Henrique criou em 2018 a empresa Coco Leve, que fabrica gelos para drinques — Foto: Bruno Aurevilly

Em uma fábrica localizada em Atibaia (SP), a equipe gerida por Pedro Henrique Silva, 27 anos, fabrica quase 200 mil gelos para drinques por dia. Ao todo, são 120 colaboradores envolvidos na linha de produção da Coco Leve, empresa criada pelo jovem mineiro em 2018 que estima faturar R$ 53 milhões até o final de 2023. Os números robustos são frutos de uma virada de chave na trajetória do gestor, que até poucos anos estudava para ser médico e não desejava empreender.

A resistência ao empreendedorismo tinha relação com o histórico familiar. Seus pais, quando jovens, saíram de Minas Gerais rumo ao interior de São Paulo, em busca de melhores oportunidades de trabalho. Na época, a família precisou morar por um tempo no veículo em que viajava: uma Kombi. Pedro tinha apenas dois meses de vida durante a aventura.

A Kombi também foi o lugar onde o casal, já instalado em Jundiaí, estabeleceu uma mercearia. Com o tempo, Pedro e o irmão quatro anos mais novo, Pablo, passaram a ajudar nos negócios e a vivenciar as dificuldades em manter uma empresa própria. Mais tarde, o negócio virou sorveteria que era responsável pelo sustento da família. “Eles ‘vendiam o almoço para comprar a janta’. Como vi aquilo desde criança, achava que empreender era muito dolorido e não queria fazer o que os meus pais faziam”, conta.

Decidido a tomar um rumo profissional diferente, ele optou por estudar Medicina em uma faculdade pública na Argentina, onde passou dois anos se dedicando aos estudos. Em uma de suas férias, porém, o lado empreendedor acabou falando mais alto, e Pedro acatou uma ideia do irmão. Pablo tinha observado nas festas que frequentava que as casas noturnas utilizavam água de coco congelada nas próprias caixinhas nos drinques. Isso enquanto a família Silva tinha máquinas de fazer picolé aptas para fabricação dos produtos.

“Passei as férias fazendo água de coco congelada e vendendo para pequenos comércios, bares e baladas na minha cidade. Deu certo”, lembra Pedro. “Eu fazia a produção pela manhã com meu irmão. À tarde a gente entregava e a noite a gente começava a congelar para embalar no dia seguinte”, conta.

Pais de Pedro Henrique Silva (à esquerda) e clientes da mercearia na Kombi (à direita) — Foto: Montagem/ Arquivo pessoal
Pais de Pedro Henrique Silva (à esquerda) e clientes da mercearia na Kombi (à direita) — Foto: Montagem/ Arquivo pessoal

O primeiro lote de pedidos foi de 500 unidades, e o jovem precisou de um empréstimo de R$ 1 mil para investir na compra dos cocos que precisava. Em pouco tempo, porém, o espaço da cozinha de casa passou a ser pequeno para o número de pedidos. “Em meados de 2019, a gente decidiu procurar uma fábrica. Era um negócio artesanal, mas a gente já tinha pedido em escala industrial. Fazíamos 300 mil unidades de gelo por mês em casa.”

Com o espaço maior — hoje com 20 mil m² — vieram outros parceiros na sociedade e outros sabores para os gelos. Atualmente, a empresa também vende gelo de água potável e de frutas — o produto vem adoçado e leva extratos de frutas, como maracujá, limão, maçã verde e melancia. As embalagens coloridas, de 190 gramas, lembram as de picolés, mas sem os palitos.

A produção envolve especificidades que tornam o gelo saborizado mais duradouro do que o gelo comum. Pedro explica que os produtos são colocados em formas de inox em um processo de congelamento a -30ºC. O produto permanece nas máquinas durante 20 minutos até congelar por completo. Os gelos, então, são embalados individualmente e dispostos em caixas de papelão. Os itens são armazenados em câmara fria.

Nos supermercados, de acordo com o gestor, a faixa a unidade custa entre R$ 4 e R$ 5.

A aposta mais recente da Coco Leve é em um tipo de gelo que promete congelar cerveja em apenas 40 segundos. Pedro diz que a aceitação tem sido boa grande e o gelo tem potencial para ganhar popularização internacional. “Enviamos para os Estados Unidos e há uma negociação muito forte para o México e para Europa. Então, é algo que pode se tornar uma ‘nova Havaianas’ para o Brasil”, prevê o empreendedor. “Nós estimamos que até 2025 a exportação vai representar 15% do nosso faturamento.” No ano passado, a Coco Leve faturou R$ 32 milhões.

Com o crescimento grande em apenas cinco anos, Pedro não se vê em outro posto a não ser o de empreendedor, como seus pais foram. “A gente pode até fazer um monte de planos, mas quando você já tem algo no sangue, não tem como desligar. Valeu muito a pena todo esforço e eu não me vejo hoje mais como médico”, pontua.

Redação/PEGN 

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