CRISE: Com queda brusca no faturamento e brigas nas igrejas de Angola, Universal vive pior momento de sua história

Publicado em quarta-feira, fevereiro 22, 2023 · Comentar 


Desde que surgiu no Rio, em 1977, a Igreja Universal do Reino de Deus, então fundada por Edir Macedo e seu cunhado R.R. Soares, nunca mais saiu dos noticiários.

Desde então, e certamente devido a sua profissão de fé neopentecostal e da defesa da polêmica teologia (ou teoria) da prosperidade, a instituição atraiu para si a atenção e a desconfiança de boa parte da população.

O auge dessa desconfiança e impopularidade ocorreu em 92, com a prisão de Macedo, o líder máximo da Igreja. Ele foi acusado de charlatanismo.

Como era previsível diante de uma acusação tão frágil e sem provas, acabou inocentado. Veio então a Receita Federal, que passou a investigar declarações de Macedo, mas de toda a cúpula da Igreja, além de pastores e alguns fiéis. Provocado, o Ministério Público Federal começou a fazer investigações para saber se havia ilegalidade na compra da Record por Edir Macedo, em 1989.

Até o momento nada foi encontrado contra ninguém da instituição. Ou seja, independentemente do clamor popular e midiático, a verdade é que nada nunca foi definitivamente comprovado nem contra Macedo, nem contra a Universal no Brasil.

Apesar de tudo, todos esses fatos negativos, quando olhados hoje à distância, não se comparam com o que está ocorrendo com a igreja de Edir Macedo em Angola neste momento.

As autoridades daquele país, com a ajuda de colaboradores e fiéis da própria igreja, dizem ter descoberto um suposto esquema de ‘”lavagem” de dinheiro e evasão de divisas daquele país.

A estimativa é a de que seriam tirados de Angola, de forma ilegal —por pastores e bispos—, ao menos US$ 10 milhões mensais (R$ 50 milhões).  Os líderes brasileiros locais da Universal também foram acusados de menosprezar os fiéis angolanos e de, na hora de decidir por “promoções” de cargo e de poder, darem preferência sempre a outros brasileiros.

Até a RecordTV acabou entrando na roda e teve sua licença cassada naquele país. Fechou as portas. As autoridades também fecharam vários templos e iniciaram um processo judicial.

Esse julgamento só deve terminar no próximo dia 10, quando um juiz angolano dará a sentença a quatro líderes da Igreja que estão no banco dos réus. Na prática, porém, nada acontecerá com eles: todos já deixaram o país africano. Um deles é Honorilton Gonçalves, ex-vice-presidente artístico da RecordTV.

A Universal promete recorrer a instâncias superiores, mas sabe que a chance de reverter a situação atual será muito difícil —quiçá, impossível. A crise de Angola é certamente o momento mais delicado da igreja desde sua fundação. Dessa vez ela foi atingida não só em sua honra, mas também em seus cofres e na própria soberania da instituição.

O caso é confuso e paradoxal: a Universal segue existindo em Angola, mas não pertence mais à instituição da qual nasceu. É como uma “sucursal” que se rebelou, ou um navio de uma frota que se amotina e passa a agir de forma independente. E tudo isso com aval da Justiça local. A igreja afirmou a esta coluna que vai recorrer, e que é vítima de preconceito e “xenofobia” por parte dos angolanos.

A “rebelião” de fiéis em Angola tem sido vista cada vez com mais interesse por outros países africanos nos quais a Universal está. O maior risco de todos, na verdade, é se Angola tiver sido apenas a primeira peça do dominó a cair.

Da Redação 
Com Polêmica Paraíba por /  Vitor Azevêdo

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