ANESTESISTA PRESO: Esposa precisou assistir vídeos para acreditar que marido estuprou pacientes

Publicado em quarta-feira, janeiro 18, 2023 · Comentar 


A esposa do anestesista Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, preso nesta segunda-feira (16) por estupro de vulnerável, não acreditou que seu companheiro tivesse praticado crimes contra ao menos duas pacientes — ele também é investigado por um possível aliciamento de crianças para a produção de conteúdo pornográfico.

Segundo a polícia, a mulher aceitou apenas depois de ver o conteúdo feito pelo próprio médico durante o abuso. Quando a polícia chegou ao endereço de Andres para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão, quem abriu a porta do apartamento foi a mulher do médico.

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Desde o início, ela se mostrou surpresa com a presença de policiais em sua casa e questionava a todo momento o que estava acontecendo. “Ela não acreditou no começo, o que era de se imaginar numa situação dessas. Só acreditou mesmo depois que viu o vídeo, e chorou”, conta o delegado Luiz Henrique Marques, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Decav), responsável pela investigação.

Nas redes sociais, o anestesista compartilhava uma rotina em família, com publicações ao lado da noiva, a quem fazia declarações de amor, e da cachorra dele, da raça pug. Nos posts, ele também aparece cercado de amigos em um dos hospitais em que trabalha no Rio de janeiro. O médico também gostava de postar imagens de armas de fogo.

Com imagens produzidas profissionalmente, um vídeo publicado no último mês de setembro mostra o anestesista ajoelhado para pedir a noiva em casamento diante da Torre Eiffel, em Paris. Além de exibir as alianças, as imagens mostram o casal dançando às margens do Rio Sena. A publicação foi legendada como “mil vezes te amo”.

O pug, cachorro do anestesista, é outro destaque em sua conta, com várias publicações. A última, durante a final da Copa do Mundo, exibe o animal com trajes típicos do Catar.

No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão, Andres compartilhava imagens ao lado dos colegas, com quem aparecia abraçado e sorridente.

Em março de 2020, ganhou um bolo de aniversário, em que estava fincada uma foto do próprio anestesista com os dizeres: “Aha, uhu, ô Andres eu vou comer seu…”.

ENTENDA O CASO

Andres foi preso nas primeiras horas desta segunda em sua residência, na Tijuca, no Rio de Janeiro. A investigação que resultou na detenção do anestesista começou em dezembro, após a Polícia Federal identificar uma vasta movimentação de arquivos pornográficos em posse do rapaz.

O caso foi encaminhado à Polícia Civil e, diante dos indícios, foi autorizada a quebra de dados de compartimentos do celular do suspeito, identificando mais de 20 mil mídias com abusos sexuais infantis.

Andrés teria conseguido parte destes arquivos convencendo crianças a enviá-los. Segundo os investigadores, ele criou um perfil falso no qual simulava ser um garoto menor de idade. A partir daí, ele se aproximava de outras crianças, ganhava a confiança das mesmas e pedia que elas lhe enviassem fotos e vídeos com conteúdo sexual.

“Encontramos gravações de tela de seu celular com conversas com crianças que enviavam fotos e vídeos. Como esses dispositivos se apagam, ele aproveitava para gravar e armazenar o conteúdo para utilização futura”, explicou o delegado.

Dentre todos estes arquivos, três deles chamaram a atenção dos investigadores. Neles, o próprio Andres aparecia abusando sexualmente de pacientes sedadas em salas de cirurgia.

Em uma das filmagens, o anestesista aproveita que está sozinho com a vítima, esfrega e introduz o pênis na boca da mulher, anestesiada por ele próprio. A Polícia Civil afirma que as investigações irão ser aprofundadas, uma vez que Andres pode ter estuprado dezenas de mulheres.

O que o médico já admitiu

Em depoimento à Polícia, o médico já admitiu que fazia buscas no YouTube por palavras-chave para ter acesso a links de grupos secretos com conteúdos de abuso sexual de crianças e adolescentes, bem como que escolhia a “melhor hora para abusar” de pacientes, inclusive quando não era o anestesista responsável, porque “tinha acesso”.

Em sede policial, Andres disse que “não sabe precisar o motivo pelo qual nutriu dentro de si a compulsão em ver e armazenar pornografia infantojuvenil”.

Para não ser direto, ele disse que buscava combinações de letras, que funcionava como espécie de código, para camuflar as buscas. O resultado da pesquisa direcionava o anestesista para esses grupos de WhatsApp em que conteúdos pornográficos criminosos eram compartilhados por usuários do mundo inteiro.

“Tinha 20 mil arquivos de pornografia infantil nas nuvens. Colecionava arquivos extremamente violentos. Podia ser visto bebês de colo sendo violentados sexualmente em condição carnal, sendo obrigados a praticar sexo em adultos, o que chamou a atenção até dos policiais mais experientes da delegacia”, relatou o delegado.

 

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