A nova chefe da Polícia Federal na Paraíba, Christiane Correa Machado, chega ao cargo acompanhada de um currículo de fazer inveja. Dona de perfil discreto e linha dura, ela comandava o Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq) na época das investigações sobre suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na PF. O caso ganhou repercussão em 2020, após o hoje senador eleito Sérgio Moro (União-PR) denunciar as tentativas do então presidente para proteger os filhos dele. O fato ganhou contornos de escândalo quando foram reveladas as imagens da reunião ministerial em que o assédio se confirmou.
O Sinq, então comandado por ela, foi o órgão da PF responsável pelas investigações. Para desenvolver a apuração, na época, Christiane Correa escalou metade da equipe do serviço responsável pela investigação de autoridades com foro por prerrogativa de função, o que era o caso de Bolsonaro. Antes de assumir a empreitada atual, Christiane foi chefe da divisão antiterrorismo por cinco anos e coordenou a proteção contra ataques terroristas na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
A delegada também atuou por três anos na área de contrainteligência da PF, que visa evitar sabotagens ou vazamentos de investigações. Nesta área, participou de duas operações delicadas, que envolveram juízes e impactarem o Poder Judiciário, responsável por fiscalizar o trabalho da Polícia Federal. O primeiro dos casos foi desvendado em em 2003. Na época, ela ajudou a desarticular um esquema de venda de sentenças que envolvia um magistrado e integrantes da própria Polícia Federal. O caso foi batizado como Operação Anaconda.
Quatro anos depois, ela integrou a equipe que desencadeou a Operação Hurricane, que prendeu três juízes e membros do Ministério Público em um esquema de caça-níqueis. Em 2017, foi morar nos Estados Unidos, onde ficou por dois anos e fez mestrado no Colégio Interamericano de Defesa, ligado à OEA (Organização dos Estados Americanos). A delegada ficou no país até julho de 2019, um mês e meio antes de assumir o Sinq, que é o grupo de inquéritos especiais. O departamento é subordinado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), comandada por Igor Romário de Paula.
Da Redação
Com PB AGORA