Natal sem abraço: OMS alerta que proximidade pode ser tragicamente perigosa

Publicado em segunda-feira, dezembro 7, 2020 · Comentar 


 

Famílias vão ter de tomar decisões importantes neste Natal: abraçar ou não parentes e amigos. O alerta é da OMS, visivelmente preocupada com a possibilidade de as festas de final de ano se transformem em eventos de transmissão da covid-19. Com milhares de casos por dia e um número recorde de mortes em diferentes países, a agência alerta que os encontros entre parentes em três semanas precisam ser alvo de cautela.

“Vamos ter de evitar abraços”, alertou Mike Ryan, diretor de emergências da OMS. Para ele, a realidade é que, em locais de intensa transmissão, estar muito próximo pode ser “tragicamente perigoso”. “Trata-se de um dilema brutal. É horrível a OMS dizer para as pessoas: não se abracem. Mas é a realidade brutal em locais como os EUA agora”, apontou.

Ryan indicou que o número de mortes e de novos casos nos EUA tem sido “chocante”. “Uma a duas pessoas morrem por minuto”, lamentou. “Por meses, teremos de evitar esses abraços”, disse.

Pela Europa, governos apresentaram diferentes propostas para tentar reduzir as transmissões da doença nas festas de final de ano, com restrições de viagens e número limite de pessoas numa casa. Mas muito dependerá da atitude individual das pessoas e de famílias.

Neste mesmo sentido de responsabilidade individual, OMS não favorece vacinação obrigatória de populações. Mas pede que cada pessoa avalie o impacto positivo que ela teria se fosse imunizada.

Segundo a agência, evidências apontam que, nos poucos locais onde isso ocorreu com outras doenças, o resultado nem sempre representou uma maior cobertura da população. Mais eficiente que a obrigatoriedade da vacina é uma campanha eficiente de informação e uma criação de um ambiente de confiança.

“Existem poucos casos em que vacinas são obrigatórias e se referem a crianças”, disse a brasileira Mariângela Simão, diretora-adjunta da OMS. Para ela, é melhor uma campanha de informação e concentrar a distribuição em grupos considerados como prioritários. Segundo ela, por meses o mundo não terá produtos para todos.

“Cabe a cada país decidir. Mas a forma melhor é que haja um foco em grupos prioritário e que informação seja dada para que tomem uma escolha”, disse.

Kate O’Brian, representante da OMS para vacinas, lembrou que apenas a febre amarela exige uma imunização para viagem internacional. E nem nesse caso existe uma obrigação nacional.

“É melhor incentivar e facilitar, sem esse tipo de exigência”, defendeu, lembrando que existe um risco real de falta de abastecimento.

De acordo com ela, estudos já indicaram em diferentes sentidos e existe o risco de que uma obrigatoriedade conduza a população a se recusar a ser vacinado, reduzindo a cobertura.

Ela, porém, não descarta que, para alguns setores, certas obrigações possam ser estabelecidas, como no setor médico.

Mas Ryan insiste que, no caso das vacinas, um ponto fundamental é a responsabilidade individual. “Uma coisa é se eu moro numa ilha deserta. Outra coisa é se eu quero visitar minha mãe de 80 anos”, disse. “Temos de nos fazer essa pergunta”, insistiu. “Temos de convencer e dialogar. A maioria das pessoas quer a vacina. É a vitória da ciência”, disse.

Da redação/ Com UOL

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