Dólar tem sétima alta consecutiva e zera queda no mês

Publicado em sexta-feira, junho 19, 2020 · Comentar 


O dólar comercial chegou hoje à sétima alta consecutiva e reverteu todo o alívio que acumulava no mês de junho. Só nesta quinta-feira, o avanço foi de 2% e deixou a cotação bem próxima de superar a marca de R$ 5,40, em um movimento que refletiu o dia de noticiário político carregado e desvalorização de moedas emergentes.

O dólar comercial fechou em alta de 2,07%, aos R$ 5,3698, depois de tocar R$ 5,3883 na máxima do dia. É o maior nível de fechamento desde 1º de junho, quando ficou em R$ 5,3868.

Agora, no mês, a moeda acumula alta de 0,63%. Só na semana, o avanço é de 6,52%. E vale lembrar que, há algumas semanas, a divisa chegou a escorregar abaixo de R$ 5.

Hoje, o real ficou entre os piores desempenhos da sessão, com uma desvalorização semelhante à perda de mais de 2% do peso mexicano e do peso chileno, por exemplo.

De acordo com analistas e gestores, o uso do “hedge” no câmbio evita que outros ativos – como as ações e os juros futuros, que têm teses mais convictas de investimento –, sejam abalados de forma mais intensa pelos riscos no radar.

Para Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital, o cenário gerado pela pandemia – com abundância de liquidez e juros baixos – tem reforçado uma estratégia bastante conhecida no mercado: buscar ativos reais como ações e garantir a proteção da carteira com o dólar.

“Em relação ao dólar, sempre tivemos aqui no Brasil um diferencial de juros muito grande que atraía capital especulativo. Agora não temos mais. A política de restrição fiscal ajudou a derrubar os juros. E o mundo inteiro está com juros baixos. Então, o que os investidores querem comprar é diferencial de crescimento. Aí olham para os Estados Unidos e veem que estão se recuperando, com algumas surpresas relativas nos indicadores econômicos”, afirma o profissional, ao explicar o ganho relativo da moeda americana.

Analistas apontam que os riscos no quadro político estão presentes, após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flavio Bolsonaro. O tema repercute nas mesas de operação e instiga cautela no mercado, mas sem um estresse exacerbado neste momento, enquanto os agentes ainda esperam mais informações do caso, principalmente como será a resposta do presidente Jair Bolsonaro.

Um dos riscos, diz um profissional, é que o tema afete a popularidade do presidente e isso dificulte o futuro avanço da agenda de reformas ou deixe o governo mais vulnerável a pressões populistas no Congresso. Por outro lado, ainda é cedo para entender como o caso pode se desenrolar e até que ponto o entorno do presidente o blindará, diz outro profissional. “A prisão muda um pouco o jogo, ainda mais pelo momento de forte pressão do judiciário sobre o governo. A tendência é de acirramento nessas tensões institucionais e isso não é bom para os mercados”, alerta o economista Silvio Campos Neto, da Tendências.

Da redação/ Com Valor.Globo.com

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