Paraíba é o estado que mais possui regiões metropolitanas no país; definição aleatória preocupa

Publicado em quarta-feira, maio 2, 2018 · Comentar 


A Paraíba é o estado que mais possui regiões metropolitanas no país, um total de 13, atualmente. O dado, considerado preocupante, foi revelado pela professora doutora Lívia Izabel Bezerra de Miranda, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), pesquisadora do “Observatório das metrópoles”.

De acordo com ela, durante os estudos do observatório foi constatada a forma aleatória como foram instituídas essas regiões metropolitanas no Estado, sem obedecer a critérios geográficos ou científicos, prejudicando, sobretudo, a população mais carente e necessitada de políticas públicas.

“Uma das coisas que a gente já observou é que a Paraíba tem o maior número de regiões metropolitanas institucionalizadas do Brasil. A gente tem 13, atualmente, que foram instituídas sem critério algum. Elas foram instituídas de acordo com que os políticos achavam interessante e muitas sequer se adequam a essa categoria, porque são áreas até de pequenos municípios, muitos deles ruralizados”, explicou Lívia.

O Observatório Metrópoles existe há 20 anos, mas só foi implantado na Paraíba a partir de 2017. O estudo no Estado, por enquanto, é voltado apenas para as regiões de João Pessoa e Campina Grande, as duas principais metrópoles do território. “Viemos apresentar o Observatório das Metrópoles, que é uma rede nacional que tenta articular o ensino, a pesquisa e extensão. Essa rede já existe em 15 núcleos universitários do país e também envolve instituições e organizações governamentais com o objetivo de estudar as cidades brasileiras, particularmente as metrópoles e regiões metropolitanas e os rebatimentos desse processo de urbanização nas cidades e na vida das pessoas”, ressaltou a professora Lívia Izabel.

A docente ainda apontou problemas como o acentuado número de assentamentos precários nas adjacências desses Centros e, até mesmo, a ausência de planejamento para construção de moradias através de incentivos dos programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, que tem ignorado os estudos, repetindo os erros do passado.

“A gente também começou a identificar muitos assentamentos precários na borda de Campina Grande e João Pessoa. Então começamos a estudar todos os programas Minha Casa Minha Vida que foram implementados na Paraíba observamos que grande parte deles foi implantada nas periferias, dificultando a vida de quem reside nos conjuntos e tem que trabalhar nas áreas centrais da cidade. Houve planejamento que repetiu os erros que a gente já conhecia nos períodos passados, a exemplo da COAB. Era uma grande crítica e acabou sendo feito do mesmo jeito, trazendo problemas para as pessoas que ocuparam esses empreendimentos”, lamentou a docente.

O Observatório Metrópoles estuda atualmente o desenvolvimento para o futuro, alertando o poder público, em parceria com instituições e organizações não governamentais, para a necessidade de inclusão das comunidades menos beneficiadas nos planejamentos. “Vemos os municípios de Campina Grande e João Pessoa sem pensar muito no seu entorno, que é um entorno que precisa da cidade para reproduzir a sua vida. Por isso tentamos provocar o poder público para fazer com que eles façam valer os estudos realizados pelo Observatório e diminuam o processo de desigualdade”, destacou.

Márcia Dias

PB Agora

 

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