Bispo pede povo em Porto Alegre e diz que Lava Jato ataca a justiça social
Publicado em sábado, janeiro 20, 2018 · Comentar
“O que a in-justiça da lava jato está tentando destruir não é a pessoa de Lula mas, sim, um símbolo da luta e defesa da justiça social no Brasil. É como se dissessem: de agora em diante o judiciário, dependendo de suas convicções e interpretações da lei, poderá não mais permitir a justiça social no Brasil”, afirma Luiz Carlos Eccel, bispo emérito de Caçador. “Ir a Porto Alegre no dia 24 é, também, uma forma de dizer não a Michel Temer e a seu governo. É dizer não às suas reformas da previdência e trabalhista, é dizer não as suas privatizações, à entrega do Pré-sal e da Petrobrás ao capital internacional. A injustiça que estão fazendo contra Lula é, em grande escala, a injustiça que vem sendo executada contra todo o povo”.
Leia, abaixo, seu artigo:
PORTO ALEGRE – 24 DE JANEIRO
Um dos processos mais importantes da história do Brasil marcará o dia 24 de janeiro de 2018 e será em Porto Alegre. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Imagino dois milhões de pessoas, de todo o Brasil, naquele dia em Porto Alegre.
Já é do conhecimento de todos, inclusive dos golpistas, que esse processo é uma farsa. Que a própria justiça, tão importante para qualquer país sério, está perdendo sua autoridade moral, está se autodestruindo com ele. Os processos que Lula enfrenta na Justiça não passam de tentativas torpes de uma elite odiosa, egoísta, mesquinha, entreguista, subserviente ao imperialismo, de impedir que o ex-presidente volte ao poder. Em nome de uma ideologia de aparente combate à corrupção, a operação Lava Jato vem promovendo um regime autoritário, que viola a própria constituição, para condenar “inimigos” dos donos do capital, da ideologia neoliberal e do Estado burguês.
Muitos são os motivos que estão levando o povo brasileiro a se organizar em caravanas para participar de um grande ato de cidadania, no dia 24 de janeiro, em Porto Alegre. Destacarei aqui 07 pontos que considero os mais importantes:
1. Até agora concretamente não apareceram mais do que convicções, do que PowerPoints, do que noticiários falsos e fraudulentos contra Lula. Provando-se assim a sua inocência. Até Reinaldo Azevedo que é uma referência ideológica da direita neoliberal, e grande parte do judiciário brasileiro e muitas lideranças internacionais, já concluíram e afirmam que a sentença do Juiz Moro não tem base, não tem provas, não segue os métodos legais e normais do próprio judiciário brasileiro. Desta forma, já está claro que a relação entre tríplex-Lula- Petrobrás é uma farsa inventada com o objetivo de condenar Lula e impedi-lo de ser candidato às eleições de 2018. Mais uma prova disso é que foi publicado, no dia 5 de dezembro de 2017, o documento “termo de penhora do triplex do Guarujá” que, de forma cabal, garante a inocência do ex-presidente Lula. De acordo com a decisão da juíza Luciana Oliveira, o imóvel nunca foi de Lula e pertencia à OAS, passando a ser agora da empresa Macife, credora da empreiteira que faliu em razão da Lava Jato.
2. O povo vai a Porto Alegre porque não admite um judiciário parcial e partidário. O processo relacionado a Lula está sendo pensado e executado segundo o calendário eleitoral e segundo interesses de grandes corporações internacionais, e não segundo os conceitos e os procedimentos dominantes e normais do judiciário, nem segundo a constituição brasileira. Se a constituição pode ser rasgada pelo judiciário e pelos meios de comunicação então não será mais necessário o poder legislativo no Brasil, pois o mesmo está sendo jogado no lixo da história.
3. O que a in-justiça da lava jato está tentando destruir não é a pessoa de Lula mas, sim, um símbolo da luta e defesa da justiça social no Brasil. É como se dissessem: de agora em diante o judiciário, dependendo de suas convicções e interpretações da lei, poderá não mais permitir a justiça social no Brasil. É a idolatria do dinheiro, tão fortemente denunciada pelo Papa Francisco, que volta a se impor com toda a sua violência e perversidade.
4. Lula constituiu ministérios e uma equipe ampla de governo com objetivos direcionados a promover um desenvolvimento econômico acompanhado de desenvolvimento social, conforme sugere a Doutrina Social da Igreja Católica. Ele melhorou a economia, reduziu a pobreza e deu dignidade à nação brasileira, inclusive reconhecimento internacional. Ele não se submeteu aos interesses dos Estados Unidos e mesmo assim, na época, o presidente daquele país o elogiou publicamente: Obama, em uma roda de líderes mundiais, pouco antes do início da reunião do G20, em Londres (2009) troca um aperto de mãos com o presidente brasileiro, olha para o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, e diz, apontando para Lula: “Esse é o cara! Eu adoro esse cara!”. Em seguida disse ainda: “Esse é o político mais popular da Terra”.
5. As promessas de que com o impeachment da presidenta Dilma tudo iria melhorar, o preço da gasolina, do gás, da energia elétrica, etc., iriam diminuir, não se realizaram. O que diminuiu foi o salário do povo trabalhador, e o que aumentou foi o desemprego e a miséria. Todas as promessas divulgadas pela globo e outros golpistas não se realizaram e o Brasil só piorou para a grande maioria da população. Com o atual governo federal, o Brasil está deixando de ser um país sério, forte, soberano, confiável, democrático, republicano e digno; está voltando a ser uma ditadura e uma colônia dependente e escravagista.
6. Ir a Porto Alegre no dia 24 é, também, uma forma de dizer não a Michel Temer e a seu governo. É dizer não às suas reformas da previdência e trabalhista, é dizer não as suas privatizações, à entrega do Pré-sal e da Petrobrás ao capital internacional. A injustiça que estão fazendo contra Lula é, em grande escala, a injustiça que vem sendo executada contra todo o povo.
7. A esperança do povo é a última que morre. Condenar o Lula significa lançar o povo ao desespero, significa condená-lo a voltar à miséria, ao desemprego, à fome e às mais diversas formas possíveis de violência; significa condenar todos aqueles que pretendem entrar na vida pública para exercer cargos políticos em prol dos mais humildes e pobres; significa condenar a participação popular, condenar a democracia; significa promover a desordem e até, possivelmente, uma guerra civil no Brasil. Espero que os desembargadores do TRF- 4, portanto, avaliem bem a sua decisão, que não se deixem influenciar pelo poder do dinheiro, nem por algum partido político; se atenham ao aspecto jurídico, e não continuem dando legitimidade a mentiras; que promovam uma justiça séria e responsável, para que o mundo possa voltar a confiar no Brasil, nos seus governantes e nos seus magistrados.
Dom Luiz Carlos Eccel
Bispo Emérito de Caçador
Da Redação
Com Brasil 247