Vivemos tempos de temeridades! Uma espécie de insegurança geral que provoca grandes desassossegos nas pessoas. A tudo se teme: Teme-se o futuro, teme-se a velhice, teme-se o desemprego, teme-se a crise econômica-política-moral-ética, teme-se a solidão, teme-se o abandono, teme-se a pobreza, a violência …
Queremos ser felizes e libertos dos medos e no entanto procuramos soluções – ou nem isso – que não resolverão jamais as nossas ansiedades.
Vale recordar aqui o diálogo de Jesus com a mulher samaritana (Jo 4) junto ao poço de Jacó, uma mulher carente de felicidade; ela que nem sabia de suas carências e de seus temores, e Jesus revela-lhe, quase que com o método socrático, a sua condição de infeliz e sem humilhá-la provoca uma reação tal nela que a liberta. Jesus provoca na mulher uma dupla atividade: “um em si mesma” e “um para fora de si mesma”; ela entrou em si para libertar-se de si. As atitudes da samaritana depois do encontro-diálogo com Jesus, demonstram uma visão duplamente transformada: para ela nem Jesus é mais o sedento que lhe pede ajuda e nem ela é mais a infeliz temerosa: ele é o Messias libertador e ela é a “salvada” de seus temores.
Jesus é o remédio contra os nossos medos e a ânsias! Dizendo assim podemos cair nos nominalismos tão em moda hoje. Basta ver os últimos acontecimentos políticos de nosso país. Vejamos alguns afixados em veículos e muros: “Deus é fiel”, “Jesus salva”, “Deus no comando” etc. slongans, palavras, palavras sem mudança de mentalidade.
Um outro exemplo de nominalismo podemos ver há pouco tempo: grande parte dos representantes do povo na Câmara Alta da Nação, professando com slogans a sua “fé” em Jesus, e votando “em nome de Jesus” e “por Jesus”; a Nação inteira sabe perplexa e com temor o tipo de gente que eles são na realidade; a velhacaria campeia. A operação Lava a Jato está quase todos os dias trazendo à luz um pouco do que esses pseudos amigos de Jesus e do povo são capazes de fazer. Temos muito a temer com relação a eles!
O Jesus Cristo dos Evangelhos, o Filho de Deus nascido de Maria é realmente o antídoto às mazelas que nos afligem. Mas Ele precisa ser ouvido, assimilado e seguido, visto que do contrário ele será um ídolo (os ídolos são combatidos com tanta energia nesta terra de slogans e de temores por pessoas de bíblia na mão e slogans na cabeça e na ponta da língua): tem boca e não fala, tem olhos e não vem, tem pés e não anda, tem mãos e não toca, tem nariz e não cheiram, como ele serão seus fabricantes (Sl 115).
Em tempos difíceis e críticos como os nossos, Cristo nos console: não tenha medo pequenino rebanho (Lc 12,32). E nós com a convicção de que ele está conosco e nos dá coragem para fazermos a nossa parte possamos dizer com o salmista: o Senhor é a minha luz, ele é a minha salvação, de quem terei medo? (Sl 27)
Pe. Elias Sales
Administrador Paroquial de Cuitegi/PB
Reitor do Seminário Diocesano São José