Depois da Zika, dengue e chikungunha, ‘virose da mosca’ lota hospitais e assusta

Publicado em quinta-feira, fevereiro 11, 2016 · Comentar 


Hospital-Regional-CZCom a chegada das chuvas, as moscas ressurgem e, com elas, as doenças sazonais – surto de diarreia, vômito, febre, dor de cabeça, dores musculares – que tem acometido um número crescente de moradores no Interior e na Capital de cidades nordestinas. As emergências dos hospitais, de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e os postos de saúde diariamente estão lotadas de pacientes com queixas semelhantes.

O médico infectologista Ivo Castelo Branco Coelho lembra que o surto começou antes do Carnaval. “Todos os anos, nessa época, o problema se repete. Com as chuvas, os poços transbordam, o nível do lençol freático sobe e há a proliferação de moscas, que pousam no ambiente contaminado, disseminando o agente etiológico”, detalha.

Como suspeita-se que o principal vetor do surto é a mosca, que proliferou muito nas duas últimas semanas, popularmente, o quadro de náuseas, diarreia e febre passou a ser denominado “virose da mosca”. Entretanto, o agente pode ser vírus ou bactéria. “Não sabemos a causa específica, o agente etiológico desse. Só com realização de exames”, diz Castelo Branco.

Na maioria dos casos, não há necessidade de internação. O tratamento é feito com hidratação oral. Se houver mais de dez evacuações por dia, com vômito, é preciso reidratação venosa, por algumas horas, em unidade de atendimento médico.

Na emergência do Hospital Regional de Iguatu-RN, a toda hora, chegam pacientes apresentando os sintomas da virose. O mesmo ocorre na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Não se tem uma estatística de aumento de casos dos últimos 15 dias, mas os médicos e enfermeiros dizem que o número de pacientes com a queixa da virose triplicou.

O médico plantonista Carlos Alberto Brady Moreira disse que, de janeiro a março, é comum o surgimento dessas doenças: “É cíclico. As moscas proliferam e favorecem a contaminação”. Ele reforça a necessidade de hidratação bem feita, principalmente em idosos e crianças.

A médica pediatra Lúcia Abrantes, que também atende na emergência do Hospital de Iguatu, mostrou-se preocupada com o que chamou de descuido das mães em deixar de usar o soro caseiro ou mesmo do que é distribuído nas unidades do Programa Saúde da Família (PSF): “As crianças chegam com sintomas de desidratação. Nessas duas últimas semanas, houve um aumento significativo”.

Na tarde de ontem, o ajudante de pedreiro Carlos Gonçalves procurou a emergência do Hospital de Iguatu, reclamando de vômito e diarreia. “O mal-estar aumentou e não aguentei”, contou. No hospital, ontem, três funcionários, deixaram o trabalho com sintomas semelhantes.

Cariri do RN

Nas unidades básicas de saúde da região do Cariri, os médicos já registram acréscimo na quantidade de pacientes, principalmente crianças, apresentando sintomas como diarreia, febre e vômito. No Hospital São Francisco, do Crato, que atende outros 12 municípios, a média diária saltou de 30 para 100 atendimentos, nas duas últimas semanas.

A enfermeira Amanda Holanda explica que, apesar do aumento no número de pessoas acometidas, o quadro não preocupa. “A gente já espera sempre que começa a chover. É algo bastante comum, característico do período. Não é nada grave. O número de pacientes começa a reduzir ao passo em que as chuvas perdem intensidade”, explica.

Na feira livre, as moscas pousam nos alimentos. O mesmo ocorre nas lanchonetes e padarias. Consumidores e funcionários reclamam do aumento do inseto. É preciso cuidados básicos de higiene, limpeza das mãos e proteção da comida. Essas são as recomendações dos médicos para evitar o aumento dos casos de diarreia e vômito nessa época do ano.

Da Redação
Com Portais

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