Criadores de abelhas reclamam de riscos do ‘fumacê’ para colmeias, na Paraíba

Publicado em quinta-feira, julho 16, 2020 · Comentar 


Criadores de abelhas de João Pessoa e Campina Grande denunciam o risco do uso de fumacê para a espécie. Um dos produtores relatou à TV Cabo Branco que perdeu cerca de 20 a 30 mil abelhas depois da passagem do carro de fumacê perto de seu criadouro.

A TV Cabo Branco entrou em contato com as Secretarias Municipais de Saúde das respectivas cidades. Criadores de João Pessoa podem ligar para o número 3214-3459, da Gerencia de Vigilância Ambiental e Zoonozes, e terem acesso ao itinerário na cidade. Em Campina Grande, o contato 9884-9535, do Serviço de Atendimento sobre a Dengue, pode oferecer informações de dias e horários de pulverização aos meliponicultores.

Marcos Júnior relata o prejuízo causado pelo fumacê. Ele cria cerca de 100 colônias, com aproximadamente 200 mil abelhas. Depois que o Jardim Veneza, bairro de João Pessoa onde fica seu criadouro, foi pulverizado, o prejuízo foi de 10 colônias – cerca de 20 a 30 mil abelhas mortas.

O produto é uma solução inseticida borrifado na forma de uma fumaça densa, para o combate às larvas do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. A substância está sendo usada neste período chuvoso, onde a probabilidade de proliferação do inseto aumenta, devido ao acúmulo de água parada.

Marcos cria as abelhas sem ferrão, que produzem uma menor quantidade mel ao ano. Por isso, o litro do mel produzido pode chegar a até R$ 200. “O carro fumacê passa de maneira aleatória, ele não tem uma data definida. Quando passa, ele pulveriza aquele veneno e acaba matando as abelhas. Prejudica toda a criação (…)”, relata.

Marcos Júnior, meliponicultor de João Pessoa, relata perda de aproximadamente 10% de suas colônias após passagem do carro fumacê — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Marcos Júnior, meliponicultor de João Pessoa, relata perda de aproximadamente 10% de suas colônias após passagem do carro fumacê — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Em Campina Grande, Adriano de Sousa Silva relata que também perdeu muitas abelhas depois da passagem do carro de fumacê. “Isso me deixa muito triste porque as abelhas fazem um trabalho de polinização importantíssimo”, desabafa.

O meliponicultor Adriano sugere à prefeitura uma mudança de horário, para que o carro fumacê não passe em horário diurno, hora do dia que as abelhas sem ferrão fazem sua polinização. Para os criadores, ter acesso ao itinerário do carro fumacê, também pode ser essencial para poder proteger as abelhas previamente.

A química Nathalia Andrade explica que o fumacê ataca o mosquito da dengue, mas o produto não é feito de substâncias especificamente para esta espécie. “Tem um detalhe importante, as abelhas que não morrem diretamente do contato com essas substâncias, do carro fumacê, elas ficam com essas substâncias acumuladas no corpo”, disse. Conforme as abelhas são submetidas a esta exposição, a concentração de químicos no corpo desses animais aumenta, causando a morte indireta.

Da redação/ Com G1 Paraíba

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