Cercado por pressões até de seus aliados para explicar as transações financeiras que envolvem seu filho Flávio e sua esposa Michelle, entre outras pessoas próximas, Jair Bolsonaro foi diplomado como presidente, na tarde desta segunda-feira (10), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao lado dele, o general Hamilton Mourão foi diplomado vice, para o mandato de 2019 a 2022.
O militar citou a importância das novas ferramentas digitais. “O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição”, afirmou.
Bolsonaro defendeu o combate à corrupção, apesar de estar às voltas com o escândalo de transações suspeitas, e mencionou que vai trabalhar pela “não mais submissão” do país a interesses alheios, o que é, no mínimo, contraditório em relação à sua política externa alinhada aos Estados Unidos.
Rosa Weber
Depois de diplomar Bolsonaro, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE, declarou que a democracia não se resume ao voto porque é preciso o “exercício constante de diálogo e tolerância, a compreensão das diferenças”.
Conforme disse, esse “exercício” inclui o respeito às minorias, aparentemente um recado direto ao militar eleito, “em especial àquelas estigmatizadas pela situação de vulnerabilidade em que injustamente se acham expostas”. “A democracia, não nos esqueçamos, repele a noção autoritária do pensamento humano”, afirmou.
Rosa Weber lembrou o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos nesta segunda. Também falou sobre a questão dos refugiados, “vítimas infelizes da terrível crise humanitária”, ressaltando que o Brasil está vinculado a compromissos assumidos há décadas no plano internacional.
Dirigindo-se especificamente a Bolsonaro, declarou que a supremacia da Constituição deve ser o “norte” do próximo governo.