Israel ataca os palestinos a ferro e fogo

Publicado em segunda-feira, abril 30, 2018 · Comentar 


Fontes militares israelenses estimaram à agência Reuters em 14 mil o número de manifestantes que, na quinta semana da “Grande Marcha do Retorno”, se concentraram junto à linha de fronteira para tentar romper a mesma, durante mais uma jornada de luta pelo direito ao regresso à sua terra natal.

A contagem fúnebre prossegue

A morte, no último sábado, (28), de Azzam Aweida, um jovem palestino de 15 anos gravemente ferido no dia anterior por soldados isrelenses, elevou para entre 43 a 46 (as fontes divergem) o número de mortos durante os protestos que desde o dia 30 de Março passado ocorrem semanalmente, na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.

A morte, noticia a Reuters, foi anunciada pelo Ministério da Saúde da Palestina. “O meu filho é um mártir e estou muito orgulhoso dele”, afirmou Helal Aweida, pai do jovem, em declarações registradas pela agência.

Segundo a Reuters, “centenas de pessoas reuniram-se junto à sua casa, na cidade de Khan Younis, para assistir ao funeral”, durante o qual “o seu corpo foi levado, envolto numa bandeira da Palestina, para uma mesquita próxima”. A rede iraniana Press TV divulgou um vídeo do funeral, o qual se tornou numa combativa e indignada manifestação “de centenas de pessoas”, número que a televisão Al-Jazeera confirma, referindo-se à “homenagem prestada ao jovem falecido” pelos manifestantes.

Mais de seis mil feridos

Na terça-feira passada, 24 de Abril, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) anunciava que foram registrados “5.511 feridos pela repressão aos protestos”, segundo informação divulgada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente. Com os 833 verificados na sexta-feira (27), esse número aumenta para quase 6.400.

Entre os feridos, dos quais “pelo menos 174” foram atingidos por “balas reais”, “contam-se quatro funcionários dos serviços de saúde e seis jornalistas”, afirma o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente em notícia colocada no seu perfil no Facebook.

Força desproporcional e armas proibidas

Israel tem estado sob a crítica internacional pelo uso desproporcional da força contra manifestantes desarmados. As Forças de Defesa Internas (IDF), para justificar o nível de força letal usada, insistem em considerar manifestantes armados de pedras, baladeiras, alicates e pneus, uma séria ameaça às suas forças na fronteira.

“Gaza está prestes a explodir”, declarou ao Conselho de Segurança da ONU o coordenador Especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nikolay Mladenov, no último dia 26 de Abril.

O enviado especial da ONU reportou “brevemente a situação na Síria, Iêmen e Líbano”, antes de se “focar longamente na crise que se desenvolve ao longo fronteira” de Gaza com Israel. Mladenov convidou Israel “a calibrar o uso da força e minimizar o uso de munições reais” e “apelou ao Hamas e aos líderes dos protestos para manterem os manifestantes longe da fronteira”.

A Prensa Latina noticiou o emprego por parte de Israel, nas manifestações de sexta-feira (27), de um “gás atípico” para reprimir os manifestantes, o qual causou “asfixia, convulsões e vômitos extremos em dezenas de manifestantes”, muitos dos quais “tiveram de receber tratamento hospitalar devido à gravidade do seu estado”. Em artigo de opinião intitulado “Israel usa armas químicas com bênção global”, o jornalista português José Goulão denunciara, na véspera, essa situação.

O canal Al-Masdar News (AMN) dá conta da utilização, pelas forças de Israel, de “granadas de gás lacrimogêneo internacionalmente proibidas” e publica fotografias de um jovem palestino com o rosto desfeito por uma dessas granadas.

Os protestos designados como Grande Marcha do Retorno – durante os quais milhares palestinos se dirigem até à fronteira com Israel para exigir o direito coletivo de retorno à sua terra natal – devem prolongar-se até 15 de Maio, quando se assinala o 70º aniversário da Nakba (“catástrofe”) palestina.

O termo refere-se à expulsão de cerca de 750 mil palestinos e à limpeza étnica levada a cabo quando da criação do Estado de Israel. Hoje, existem milhões de refugiados palestinos no mundo e estima-se que 70% dos habitantes da Faixa de Gaza sejam refugiados ou seus descendentes.

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