Um ex-diretor do xerife do mercado financeiro dos Estados Unidos, a U.S. Securities and Exchange Commission, equivalente no Brasil à Comissão de Valores Mobiliários, alertou no New York Times que Donald Trump está empurrando o mundo para um crash econômico similar à quebradeira de 1929, que acelerou a ascensão do fascismo e a Segunda Guerra Mundial.
William Birdthistle alerta que Trump está desmontando a agência que monitora o mercado financeiro e pessoalmente incentivando o investimento em criptomoedas e outros esquemas sujeitos a golpes e especulação.
A própria família Trump ganhou mais de U$ 1 bi em criptomoedas em apenas um ano, mas garante seus lucros sem se expor a uma possível quebradeira. Um dos filhos do presidente dos EUA usa sua conta no X para incentivar investidores a “comprar na baixa”. Os Trump faturam em licenças e comissões, mas atuam através de intermediários, sem se arriscar.
O autor comparou o momento vivido pela economia dos EUA ao descrito por Scott Fitzgerald no livro The Great Gatsby, a especulação desenfreada que antecede a depressão.
Um crash vem aí?
Ele lembrou que o índice da bolsa de valores de Nova York sextuplicou entre 1919 e 1929, mas desta vez o mesmo crescimento foi verificado em apenas três anos.
Além de desmantelar o sistema regulatório, sob Trump a SEC está considerando mudanças para facilitar que empresas e fundos vendam seus papéis diretamente ao público, sem registro federal ou transparência.
A Casa Branca está incentivando aposentados a colocar individualmente sua poupança em fundos de participação privada, alegando que pretende “democratizar” o acesso ao mercado.
O autor compara:
A Casa Branca e o lobby dos fundos privados argumentam que essa política “democratizará” o acesso a ativos alternativos e promoverá “melhores retornos”. Mas tal plano, que não oferece nem as informações nem as proteções necessárias para defender os investidores de sérios riscos econômicos, é tão convincente quanto um plano para “democratizar” cirurgias do cérebro.
William Birdthistle conta que órgão regulatório dos mercados teve cortes de pessoal de 16% e que uma comissão de cinco pessoas encarregada de supervisionar as criptomoedas foi reduzida a um único integrante.
Ele diz que a bomba pode nem estourar durante o governo Trump, que está pressionando o Banco Central a baixar os juros e tornar o dinheiro ainda mais barato para comprar papelada sem lastro.
O governo de Barack Obama herdou a crise financeira de 2008, urdida durante o governo de seu antecessor, George W. Bush. Porém, a maior mudança na regulamentação dos mercados havia sido feita durante o segundo mandato do democrata Bill Clinton.
Clinton, aliado de Wall Street, trabalhou para esvaziar o Glass-Steagall Act de 1933, pós-depressão, que criou um muro entre os bancos comerciais, que arrecadam depósitos do público, e os especuladores do mercado financeiro.
Isso aconteceu em 1999, mas a bomba só estourou de verdade em 2008, quando entrou em colapso o mercado através do qual pequenos investidores seguravam, muitos sem saber, papéis lastreados em hipotecas do mercado imobiliário que haviam sido picotadas e colocadas à venda em todo o planeta.
Quando a inadimplência dos compradores de imóveis estourou, o castelo de cartas veio abaixo. Trilhões foram perdidos da noite para o dia, com os governos salvando instituições consideradas “muito grandes para falir”. Apesar do grande golpe, ninguém foi preso e logo a especulação foi retomada com apoio do Tesouro público.
Redação/Forum
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