A recente fala do ex-prefeito Antônio Gomes, durante live realizada na noite dessa sexta-feira (24) revelou muito mais do que um desabafo político, expondo o retrato de alguém que ainda luta para aceitar o fato de estar fora do poder que um dia exerceu com autoridade.
Entre críticas duras à atual prefeita, a quem ele diz ter “feito prefeita”, e declarações inflamadas sobre a ingratidão dos que antes o cercavam, o discurso ultrapassa o campo político e entra na esfera emocional. É a fala de quem se sente traído, desvalorizado e esquecido, sentimentos comuns em quem construiu uma liderança centrada na própria figura pessoal e não nas instituições.
Ao longo da transmissão, Antônio falou com raiva, mas também com certa dor. Tentou reafirmar seu valor, relembrando feitos e números de sua gestão. É o comportamento típico de quem busca restabelecer a própria relevância diante de um cenário que já não o reconhece com o mesmo brilho. O ex-prefeito não discutiu projetos ou ideias, defendeu a si mesmo.
Essa mistura de orgulho ferido e nostalgia do poder transformou a fala do ex-prefeito em uma espécie de autojustificação pública. Antônio tentava falar ao público, mas pareceu falar para si, tentando se convencer de que ainda é o mesmo líder que um dia representou o povo de Mari.
A política, nesse caso, torna-se palco da emoção: um lugar onde o poder perdido ainda ecoa na memória de Antônio Gomes e a mágoa se disfarça de indignação moral. No fundo, o ex-prefeito não apenas critica uma adversária, ele tenta reconciliar-se com o próprio passado.
A relação com a atual prefeita é marcada por ambivalência emocional (mistura de decepção e raiva com uma necessidade latente de reconhecimento).
Mesmo quando critica, há um subtexto de “eu esperava mais de quem eu fiz crescer”. Esse tipo de vínculo indica dependência simbólica, Antônio ainda se sente parte do sistema que ajudou a construir, e ver a prefeita governando de forma independente gera dissonância afetiva. No campo da psicologia política, esse comportamento é típico de líderes que confundem lealdade pessoal com continuidade administrativa.
A perda de controle é interpretada como traição, não como processo natural de sucessão democrática.
Redação/ExpressoPB
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