SIGA-NOS

OPINIÃO | A escalada da tensão política em Marí: até onde vai o jogo de poder?

Nos últimos dias, a Paraíba foi palco de mais um episódio que acende o alerta para a perigosa mistura entre política e violência. O assassinato do vereador Peron Filho, em Jacaraú, deixou uma sombra de preocupação não apenas sobre os bastidores locais, mas também sobre o modo como ameaças são tratadas, ou pior, ignoradas por aqueles que as recebem.

Peron havia confidenciado à família que vinha sendo ameaçado. Não formalizou denúncia à polícia, e o pior aconteceu: foi brutalmente executado. A polícia investiga se foi crime político, devido as evidências do caso. Este erro fatal serve de lição dolorosa sobre o preço do silêncio diante de intimidações.

É justamente sob esse prisma que se deve observar o caso recente envolvendo Acássio Barra, chefe de gabinete da prefeita de Marí. Ele denunciou estar sendo alvo de ameaças que, pela gravidade, não podem ser tratadas como mero exagero político. O histórico de declarações públicas, áudios e mensagens em WhatsApp do ex-prefeito Antônio Gomes demonstrando sua insatisfação com Acássio, a quem responsabiliza pelo rompimento com a atual gestora, são fatos que, juntos, desenham um cenário de hostilidade pública e preocupante.

O episódio mais alarmante ocorreu no dia 12 de setembro [que até então vinha sendo mantido em silêncio], quando disparos foram efetuados em frente à residência de Acássio. A coincidência com a chegada da prefeita que estava vindo de Brasília naquele dia e horário apenas reforça a necessidade de uma investigação rigorosa. Não se trata de acaso, mas de um sinal claro de que a tensão política em Marí atingiu níveis inaceitáveis.

Se há algo que a história recente ensina é que a omissão abre espaço para tragédias. A classe política precisa compreender que ameaças não podem ser encaradas como “parte do jogo”. A política é, por essência, a arte do diálogo, e não da intimidação.

É natural que aliados se tornem adversários e que rupturas políticas resultem em novas disputas eleitorais, [basta lembrar o caso do próprio AG com MM em 2010]  inclusive na já antecipada corrida para 2028. O que não pode ser naturalizado é o uso da violência como instrumento de poder.

Por isso, cabe às autoridades policiais e judiciais tratarem cada denúncia com seriedade máxima, prevenindo que Marí ou qualquer outro município paraibano viva um novo episódio trágico como o de Jacaraú.

Porque, no fim das contas, a democracia só sobrevive quando o debate substitui a bala e a palavra é mais forte que a ameaça.

Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução 

Comentários