Na tarde desta quinta (11/09/2025), ao iniciar a leitura de seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, a ministra Cármen Lúcia citou Victor Hugo para lembrar um princípio elementar: “o mal feito, ainda que para o bem, continua sendo mal”.
A máxima encaixa-se com precisão na recente postura do ex-prefeito Antônio Gomes ao declarar que errou ao escolher Lucinha da Saúde como sucessora em Marí. Ao transformar a decisão em “arrependimento” público, tenta-se vestir o figurino de vítima das circunstâncias. Mas não há vítima aqui: há autor. Quem escolhe, responde pelas consequências.
Reescrever a própria história não muda o essencial: quem exerce poder tem o dever de prever desdobramentos. Ao impor o nome de Lucinha, apesar das divisões internas, foi Antônio quem empurrou a cidade para a destruição que ele alega existir. A intenção de “fazer o bem” não lava um ato mal concebido ou autoritário, o resultado só evidencia a responsabilidade original.
Lucinha não “caiu do céu” no comando da Prefeitura; foi alçada com chancela, apoio e estrutura do próprio Antônio. Por isso, não cabe assumir hoje o papel de vítima do que se chama “fracasso”. O arquiteto do projeto não pode negar a planta quando a obra revela fissuras.
Reconhecer erro é um passo; assumir responsabilidade é o salto moral que separa a autocrítica sincera da tentativa de manipular a memória coletiva. Marí não precisa de arrependimentos tardios, precisa de líderes que enfrentem os efeitos de suas escolhas e respondam por elas, como manda a boa política e a boa ética pública.
À Lucinha cabe o papel de mostrar durante sua gestão que, se houve ‘erro’, não foi na confiança de que Marí podia avançar, mas na tentativa do ex-gestor querer condicionar a gestão a interesses e pressões que não cabem numa cidade democrática.
Redação/ExpressoPB
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