Antes do ministro, a Primeira Turma do STF alcançou a maioria pela condenação dos acusados por meio do voto de Cármen Lúcia, acompanhando Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Por sua vez, a posição é divergente da apresentada por Luiz Fux.
4×1Placar final pela condenação dos réus da trama golpista na Primeira Turma do STF
No âmbito do mérito da ação penal, Zanin apontou Jair Bolsonaro como o membro do grupo que seria o “maior beneficiado das ações da organização criminosa”. Para o ministro, a denúncia da PGR atesta que os réus pretendiam romper com o Estado Democrático de Direito. Na sequência, analisou a conduta individualizada dos oito réus.
“A estabilidade da organização, e o próprio direcionamento das ações antes e depois das eleições de 2022, revela a continuidade do projeto em torno do escopo maior da organização, que era a manutenção de grupo específico no poder, independentemente da vontade popular”
Após Fux proibir interrupções em voto, Cármen Lúcia e Flávio Dino combinam apartes e voto resumido
Com a posição do ministro, quatro dos cinco votos possíveis são pela condenação de Bolsonaro e outros sete réus do “núcleo 1” da tentativa de golpe por cinco crimes:
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Tentativa de golpe de Estado;
- Participação em organização criminosa armada;
- Dano qualificado;
- Deterioração de patrimônio tombado.
A partir da condenação, os ministros ainda vão discutir o tamanho das penas que serão impostas aos réus, a chamada dosimetria. Essa definição pode ser pautada ainda hoje, mas a tendência é que seja concluída no último dia do julgamento, nesta sexta-feira (12).
Acompanhe ao vivo
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
O ministro acompanhou integralmente as acusações da PGR, inclusive na configuração de organização criminosa nos atos de Bolsonaro e aliados. Para o ministro, após a derrota das urnas, o grupo trabalhou com hipótese de recursos e medidas excepcionais para manter os acampamentos e “angariar apoio a tentativa de golpe”.
“Houve a formação de uma organização criminosa armada integrada pelos acusados que deverão ser condenados pelas circunstâncias fáticas que reputo comprovadas na forma que está descrita na denúncia e que já foi acompanhada aqui pela maioria dos votos”
Conforme Zanin, a responsabilização adequada é fundamental para a pacificação social e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Os ministros colegas da 1ª Turma, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia pediram a vez e corroboraram as falas.
MINISTRO REJEITA PRELIMINARES
No início da apresentação do voto, Cristiano Zanin partiu para a análise das preliminares. Nesse sentido, o ministro votou para manter a delação de Mauro Cid, fazendo com que o depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro fosse validado por unanimidade na Primeira Turma do STF.
Zanin também falou sobre a competência do STF e da Primeira Turma para julgar a ação penal. Ele também rejeitou a tese de cerceamento de defesa e disse que os advogados dos réus tiveram acesso a todos os documentos e provas do processo.
“Aqui todos nós somos juízes, mas temos experiências diversas a partir das nossas carreiras profissionais. E eu me lembro como advogado ter trabalhado com arquivos de 80, de 80, 100 terabytes, inclusive sem a disponibilização por link ou por qualquer outro meio, mas sim sala cofre da Polícia Federal fazendo análise. Então aqui inclusive foi, a meu ver, facilitado o trabalho das defesas a partir do encaminhamento integralmente do material na forma decidida pelo eminente relator”
‘CHECK-UP DA DEMOCRACIA’
Em outro trecho do voto de Zanin, os ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia falaram sobre a importância do julgamento ao evidenciar metáforas sobre questões de saúde.
Na sequência, enquanto Cármen Lúcia comparou o momento como um ato de cuidar de um paciente doente, Dino brincou sobre a expectativa pelo julgamento: “um check-up da democracia”. Então, a ministra emendou: “Espero que seja um remédio para que não volte com frequência. A recidiva não é boa.”
Relembre quem são os réus do ‘núcleo crucial’ da trama golpista
- Jair Bolsonaro: ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier: ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno: ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto: ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022;
- Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O que está em julgamento?
O STF julga a ação penal 2668, que trata da denúncia oferecida pela PGR. São acusados 31 réus, divididos em quatro núcleos:
- Núcleo 1: envolve oito réus, incluindo Bolsonaro, e é considerado o núcleo “central” ou “crucial” da articulação golpista.
- Núcleo 2: conta com seis réus que são acusados de disseminar informações falsas e ataques a instituições democráticas.
- Núcleo 3: é formado por dez réus associados a ataques ao sistema eleitoral e à preparação da ruptura institucional.
- Núcleo 4: sete réus serão julgados por propagação de desinformação e incitação de ataques às instituições.
Da redação/ Com Diário do Nordeste





