Não, nós não estamos falando da Câmara Federal, essa por sinal dispensa comentários. Estamos falando da Câmara Municipal de Mari, que deveria ser a voz dos anseios populares, mas transformou-se em um palco de vaidades e sensacionalismo político. As últimas impressões que deixa é que trocou o papel de legislar em favor do povo e vem se especializando em homenagens seletivas, discursos vazios e agendas que pouco ou nada dialogam com as reais necessidades da população.
Nos últimos dias, duas sessões chamaram a atenção da opinião pública, não pela relevância, mas pela falta dela. Uma foi dedicada a festas e homenagens a políticos vivos que apenas cumpriram suas obrigações constitucionais, sob o argumento de que estaria inaugurando sua sede. A outra, uma maratona de bajulação direcionada a amigos, parentes e cabos eleitorais dos próprios vereadores. Para a sociedade marienses, restou o silêncio. Para os problemas concretos da cidade, absolutamente nada.
Enquanto a Câmara celebra nomes poderosos e se perde em exaltações teatrais, a população amarga tragédias ignoradas. Na semana passada, um jovem perdeu a vida em um acidente de trânsito em uma via pública da cidade. Outro colidiu contra um poste e por pouco não perdeu a vida. Houve comoção nas ruas, dor nas famílias, mas dentro do Legislativo municipal… nenhum gesto de solidariedade, nenhuma reflexão sobre a violência no trânsito, nenhum compromisso em propor soluções.
Há cerca de dois meses o jovem músico Petrônio, trabalhador incansável, faleceu vítima de infarto após um duro dia de labuta. Sua morte passou despercebida na Casa Legislativa. Não houve moção de pesar, não houve palavra de conforto aos seus pais. A justificativa? Talvez por não ter sobrenome influente, nem fazer parte das rodas da política local. A vida de Petrônio, como a de tantos outros anônimos de Mari, não rendeu aplausos nem discursos inflamados, nem rua com seu nome e muito menos estátua praça.
A pergunta que fica é inevitável: quem falará pelos filhos anônimos de Mari? Quem lembrará dos que partem sem títulos, sem poder e sem apadrinhamento político?
A Câmara, que deveria ser guardiã dos interesses coletivos, se apequena a cada sessão de autopromoção. Perde o respeito da sociedade, deixa de cumprir sua função essencial e reforça a percepção de que virou apenas um espaço de vaidades pessoais.
Se os vereadores não têm sensibilidade para homenagear os que se foram sem prestígio político, que pelo menos se lembrem dos que estão vivos. Afinal, estes ainda votam. E no próximo ano, vocês precisarão deles para votarem nos seus deputados.
Redação/ExpressoPB
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