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ANÁLISE | Entre anjos e demônios: quando a política ultrapassa o limite do respeito

Um suposto áudio, no qual a prefeita Lucinha da Saúde teria sido chamada de “Judas” e seus apoiadores rotulados de “demônios”, ganhou repercussão no programa Notícias em Pauta, da Rádio Cultura FM de Guarabira, apresentado pelos comunicadores marienses professor Josa, o advogado Dr. Josenilson Avelino e o radialista Manoel Pedro. Ou seja, não se trata de boato de rede social, mas de uma narrativa amplificada em um veículo de grande audiência regional.

Chamar uma gestora pública de “Judas” e tachar seus aliados de “demônios” não é mera opinião política. É um ato de violência política de gênero, que atinge uma mulher em sua fé, em sua dignidade e em sua legitimidade como autoridade. É também intolerância religiosa, travestida de discurso público, que desumaniza e reduz pessoas a símbolos de ódio.

O que deveria ser debate democrático sobre projetos e políticas públicas se transforma em espetáculo de desqualificação moral e espiritual. Um ataque que não apenas fere a prefeita, mas corrói o respeito devido às instituições e ao convívio político.

Quem são os verdadeiros “demônios”?

Há uma contradição gritante nessa narrativa. A maioria dos servidores e ocupantes de cargos de confiança da atual gestão já integrava a administração anterior, que apoiou a candidatura de Lucinha. Se agora essas mesmas pessoas são chamadas de “demônios”, a pergunta que fica é: quem teria criado esses supostos demônios? Essa incoerência escancara o caráter oportunista e superficial da retórica de ódio.

Esse episódio não é apenas sobre Lucinha da Saúde. É um espelho de práticas políticas que ainda persistem no Brasil: quando se atacam pessoas em vez de ideias, quando se invoca religião para excluir, quando se desumaniza em vez de dialogar.

O que está em jogo não é apenas a imagem de uma prefeita, mas o próprio princípio de convivência democrática. O respeito às diferenças, de gênero, de fé, de posição política, é a base mínima de qualquer sociedade civilizada.

Marí, mais uma vez, nos convida a escolher: queremos alimentar demônios inventados pela intolerância ou construir pontes de respeito e diálogo? A resposta a essa pergunta definirá não apenas o futuro de uma gestão, mas o da própria política local.

Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução 

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