O rompimento de silêncio entre o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, ambos do mesmo partido (Progressistas), representa muito mais do que um embate pontual ou uma divergência interna. É o reflexo direto da desarticulação política provocada pela letargia do governador João Azevêdo diante da sucessão estadual. E mais: é a prova de que a base governista, até então vista como sólida, começa a desmoronar sob o peso da omissão e da falta de liderança central.
João esticou a corda além do limite. E agora, o barulho do rompimento começa a ecoar por toda a Paraíba.
Não se trata de mera especulação. O ambiente político revela sinais claros de fratura exposta. A falta de um norte, de um nome oficial ou sequer de um gesto claro do governador sobre quem será seu candidato à sucessão em 2026, tem aberto caminho para disputas internas, conflitos velados (e agora nem tão velados assim), além de alimentar a desconfiança entre aliados.
A consequência mais visível foi a multiplicação de pré-candidaturas dentro da própria base: o prefeito Cícero Lucena, o vice-governador Lucas Ribeiro e o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, já se movimentam como se não houvesse mais comando central. E talvez, de fato, não haja.
No epicentro dessa crise está o confronto entre Cícero e Aguinaldo, duas figuras centrais do Progressistas, que já demonstram que a convivência política está por um fio. A disputa pública, marcada por farpas, recados e declarações incisivas, evidencia que a paciência acabou. E quando aliados de peso começam a se rebelar, é sinal de que o governo perdeu sua capacidade de articulação.
João Azevêdo parece assistir a tudo com a serenidade de quem acredita que o tempo resolverá sozinho os problemas. Mas política não se resolve com silêncio. E muito menos com indecisão. Em vez de construir uma candidatura de consenso, o governador tem permitido que seus principais aliados se estranhem, testem limites e se desgastem mutuamente. O resultado é o que vemos hoje: uma base dividida, sem unidade, e com um futuro cada vez mais incerto.
Esse não é apenas um erro estratégico. É um risco real para a continuidade de um projeto político que, até então, se vendia como equilibrado. A falta de posicionamento do governador tem um custo, e esse custo começa a ser cobrado com juros e correção.
João Azevêdo ainda tem tempo para agir. Mas o relógio político não para. E cada dia sem decisão é um passo a mais rumo ao colapso da base governista.
Se o governador não quiser ver a Paraíba governada por forças de oposição ou por um sucessor fora de sua orbita, precisa parar de assistir ao jogo da arquibancada e assumir o protagonismo que se espera de um líder.
Porque, ao que tudo indica, a corda já arrebentou. E pode ser tarde demais para emendá-la.
Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução





