A gestão da prefeita Lucinha da Saúde, em Marí, tem enfrentado uma situação inusitada — e constrangedora. O Secretário de Desenvolvimento Agrário, Severino Ramo, que integra a equipe da própria prefeita, tem se notabilizado não por avanços na área rural, mas por ataques públicos à administração que deveria representar.
Em sua mais recente participação no programa Araçá em Debate, da rádio Araçá FM, neste sábado (12), Ramo voltou a protagonizar um episódio que deixou a gestão em situação delicada. Durante a entrevista, ao comentar sobre a polêmica remoção de árvores no centro da cidade, o secretário simplesmente desmentiu a versão oficial divulgada pela própria prefeitura, gerando perplexidade entre os ouvintes e assessores.
“Eu fiquei sabendo da derrubada das árvores por uma matéria da própria assessoria de comunicação do governo. E não existe projeto algum para substituição dessas árvores”, disparou Ramo, contrariando o comunicado oficial que atribuiu a intervenção a um plano de substituição de espécies consideradas invasoras. O secretário foi além e afirmou que “nem a prefeita sabia” de onde partiu a ordem para a remoção, ampliando o desgaste institucional.
Essa não foi a primeira vez que Severino Ramo expôs a gestão municipal. Em fevereiro deste ano, em outra entrevista polêmica, declarou abertamente que não aceitava ordens da chefe do Executivo e ainda afirmou que usaria sua função pública para travar uma rixa pessoal com um ex-assessor — postura que beira o abuso de autoridade e fere princípios básicos da administração pública.
Além disso, o secretário também causou polêmica ao comentar sobre o programa de cortes de terra para agricultores. Na ocasião, afirmou que apenas quem tivesse “QI” — sigla popular para “Quem Indique” — teria acesso ao serviço, sugerindo que o benefício estaria condicionado a vínculos políticos com vereadores e aliados da prefeita.
Como se não bastasse, meses depois, ao se sentir isolado em um evento esvaziado por parlamentares e colegas de gestão, Ramo chamou os vereadores de “fanfarrões” em um programa de rádio local, agravando ainda mais sua relação com o Legislativo e a base política da própria prefeita.
Essas declarações recorrentes revelam não apenas uma incoerência grave — falar mal da gestão que se integra — como também um sinal de desorganização dentro do governo municipal. A permanência de um secretário que ataca colegas, desmente comunicados oficiais e desacredita a própria prefeita pode indicar, para muitos observadores, uma gestão fragilizada e sem controle da própria equipe.
O caso ganhou visibilidade ao ser repercutido pelo site Paraíba 2.0, conhecido por seu alinhamento com setores da oposição. O portal, que tradicionalmente critica a gestão municipal, surpreendeu ao adotar postura defensiva em relação a Severino Ramo, propagando suas declarações e blindando o secretário das críticas que normalmente reserva a outros integrantes da administração.
Para analistas políticos locais, a situação expõe um dilema para a prefeita: manter no cargo um auxiliar que, sistematicamente, desautoriza a gestão ou agir com firmeza para preservar a unidade e credibilidade do governo.
Enquanto isso, a população observa atônita a contradição de um secretário que parece agir como oposição dentro da própria base aliada, colocando em xeque não apenas a coesão administrativa, mas também a imagem pública de toda a gestão municipal.
Redação/ExpressoPB
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