Segundo a SES, na época em que foi internada, ela apresentava um quadro de dormência que se estendeu para o tórax. Além disso, ela também sofria de dores e fraqueza. No dia 2 de janeiro deste ano, ela teve piora significativa e foi intubada.
De acordo com a Universidade de Pernambuco (UPE), responsável pelo Huoc, a paciente também apresentou quadro neurológico grave de agitação, além de insuficiência respiratória. Ela está sob sedação profunda e não tem sinais de infecção bacteriana secundária.
Ainda segundo a UPE, a paciente “continua sendo monitorada pela equipe médica acerca de possíveis complicações da doença, seguindo com o tratamento e observando caso apareça algum aumento significativo dessas dificuldades”.
Animal pode ter fugido de queimada
Segundo o diretor geral de Vigilância Ambiental do estado, Eduardo Bezerra, a mulher mora numa área de ocupação relativamente nova, e, nos dias anteriores ao contato da paciente com o animal, ocorreram queimadas na região, que resultou na fuga do animal de uma mata.
“[Ela mora] no que a gente chama de franja de cidade, que é aquilo que vai terminando a área urbana, e isso faz com que esses animais estejam mais próximos. Houve relatos de que tiveram queimadas na imediação, e isso fez com que a gente observasse essa migração desses animais. Com animal silvestre a gente sempre precisa ter muito cuidado. O sagui é mais complicado, porque ele é sempre muito carismático, porque ele tem essa imagem que dá para chegar mais perto, e não pode”, afirmou.
Eduardo Bezerra também disse que a mulher chegou a procurar atendimento médico numa unidade municipal e foi orientada a fazer o esquema de profilaxia, mas não fez o tratamento. Em 30 dias, que é o curso natural da doença, o quadro se agravou. Ele informou que, nos primeiros dias, os sintomas da raiva podem ser confundidos com os de outras doenças, como os de uma arbovirose.
“Assim que foi mordida, ela procurou o hospital, foi recomendado o esquema, mas ela não retornou. [O esquema é de] soro e quatro doses de vacina. Quando é animal silvestre, é obrigatório isso. O animal doméstico, não. Ele pode ser observado. Mas o animal silvestre você tem que fazer. Ela não retornou para poder fazer o tratamento e aí já voltou para o hospital, que viu a necessidade de vir para o Recife”, declarou.
O que é raiva humana?
A raiva humana é causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, que é encontrado geralmente em morcegos hematófagos, que se alimentam de sangue. De acordo com a SES, a taxa de letalidade é de 100%.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2010 e 2024, foram registrados 48 casos: nove causados por mordidas de cães; 24, por morcegos; seis, por primatas não humanos; dois, por raposas; quatro, por felinos; e um, por bovino.
A doença pode ser transmitida ao ser humano pelo contato com saliva e secreções de mamíferos infectados, sejam eles cães, gatos, macacos, bovinos, porcos, além do próprio morcego, entre outros. Os sinais podem permanecer de 2 a 10 dias após o período de incubação.
Apesar da taxa de letalidade ser considerada de 100%, em 2009, um adolescente pernambucano de 16 anos foi o primeiro brasileiro a se curar da raiva humana. Marciano Menezes da Silva estava dormindo quando foi mordido por um morcego e contaminado pela doença. Ele foi internado no Huoc, onde foi tratado.
A prevenção contra a raiva pode ser feita por meio da vacinação. A vacina é administrada tanto em humanos quanto em animais de estimação.
De acordo com a UPE, em caso de agressão por animais silvestres, a primeira medida a ser tomada é procurar assistência médica para que seja realizada a profilaxia. O profissional de saúde vai analisar e decidir se é necessário tomar a vacina ou soro contra a raiva.
Todos os anos, o governo realiza uma campanha de vacinação antirrábica. A imunização de cães e gatos é essencial para proteger os animais e evitar a transmissão do vírus para os seres humanos.
Por g1 Pernambuco
Redação/ClickPB