Passados quase dois meses das eleições municipais, Marí vive um cenário curioso: de um lado, uma oposição que ainda reverbera nas ruas e redes sociais; de outro, um grupo de situacionistas que, mesmo vitoriosos, parecem inseguros, insatisfeitos ou, talvez, surpresos com sua própria vitória. E não sem motivo: com uma diferença ínfima de apenas 204 votos contra um adversário considerado inelegível durante boa parte do pleito, os vencedores quase amargaram a ironia de perderem para si mesmos.
A situação não poderia ser mais peculiar. O discurso oficial do grupo eleito insiste em destacar que “só havia uma candidatura apta” – a de Lucinha da Saúde. No entanto, o resultado apertado sugere que, mesmo disputando praticamente sozinha, a candidata quase ficou em segundo lugar. Para os observadores mais atentos, Marí está longe de ser um lugar para amadores, e o episódio recente reforça essa máxima.
O jogo ainda não acabou
Embora a eleição tenha sido declarada, a sensação de insegurança política paira sobre o grupo vencedor. Com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) em curso, que aponta abuso de poder político e econômico, o “VAR” dessa partida eleitoral ainda está analisando os lances. Há a possibilidade de que o jogo seja anulado, e, nesse caso, os situacionistas poderão se deparar com um adversário renovado: Marcos Martins.
Curiosamente, as intensas tentativas de desqualificar publicamente Marcos Martins por parte do grupo situacionista, parecem revelar mais do que simples táticas de desgaste. O comportamento sugere que, mesmo fora da disputa direta, Martins continua sendo o grande adversário a ser temido. Afinal, enfrentar novamente o candidato que quase venceu, mesmo com todas as adversidades, pode ser uma batalha mais difícil do que enfrentar a própria AIJE.
Vitória com gosto de incerteza
A diferença mínima de votos e a sombra de irregularidades levantadas na AIJE indicam que o grupo eleito vive em um terreno político instável. O discurso triunfalista de seus representantes contrasta com a aparente dificuldade de consolidar sua posição. Em vez de celebrarem uma vitória sólida, preferem reforçar a narrativa de que o adversário era inelegível, esquecendo que quase perderam mesmo assim.
O medo de enfrentar novas eleições é palpável. Com a tramitação da AIJE, que pode culminar na cassação da chapa, os subalternos políticos do grupo eleito têm se empenhado mais em alimentar conflitos e difamar opositores do que em governar ou celebrar sua conquista. A postura evidencia que a vitória apertada não trouxe a segurança esperada, mas sim uma constante sensação de ameaça.
Marí merece mais
Enquanto a política local permanece centrada em desavenças e inseguranças, a população de Marí assiste a tudo com apreensão. A cidade precisa de governança sólida, mas parece estar presa a um cenário de amadorismo político, onde vitórias são tratadas como derrotas iminentes e derrotas continuam a exercer forte influência.
Se a AIJE confirmar as denúncias de abuso de poder, Marí poderá ser palco de uma nova eleição. Talvez, nesse momento, tanto os que não sabem perder quanto os que não sabem ganhar possam finalmente entender que a política, mais do que um jogo, é uma responsabilidade que exige mais do que vencer ou perder: exige governar com legitimidade e competência.
Redação/ExpressoPB