Por que os cães se parecem com seus donos? A ciência interpreta isso
Publicado em quarta-feira, novembro 27, 2024 · Comentar
Estudos revelam que as pessoas tendem a escolher animais de estimação com quem compartilham características- (Imagem ilustrativa Infobae)
É uma coincidência comum: donos que, quase surpreendentemente, se parecem com os seus cães . De expressões parecidas a cortes de cabelo parecidos, essa curiosa coincidência intrigou a ciência , que interpreta essa marcante semelhança.
Apesar de ser uma curiosa coincidência, estudos indicaram em diversas investigações que a semelhança entre cães e donos não é produto da imaginação: tem uma base psicológica e evolutiva.
O processo de domesticação , que remonta entre 11.000 e 16.000 anos atrás, desempenhou um papel fundamental na capacidade dos cães de se integrarem ao mundo humano . A especialista em comportamento animal Stefanie Riemer, da Universidade de Berna, na Suíça, explica que a seleção natural e a convivência prolongada com as pessoas tornaram mais fácil para os cães desenvolverem habilidades que refletem as características humanas.
Quais são os estudos que interpretam essa notável semelhança?
Um relatório liderado pelos psicólogos Nicholas Christenfeld e Michael Roy, da Universidade da Califórnia , desenvolvido no início dos anos 2000, investigou esta estranha semelhança e descobriu que os voluntários podiam combinar fotos de cães com os seus donos apenas olhando para os seus rostos . Mesmo quando seus olhos estavam tapados nas imagens, o índice de acerto foi reduzido pela metade, indicando que o olhar é essencial nessa semelhança.
Segundo Katrina Holland, pesquisadora da equipe de comportamento humano da Dogs Trust, no Reino Unido, essa tendência de escolher cães que se pareçam com seus donos é especificamente notável em raças puras . Ela afirma que esse evento está associado ao “mero efeito de exposição”, método psicológico que leva as pessoas a se sentirem atraídas por aquilo que lhes é familiar, como suas próprias características físicas. Esse efeito explicaria, segundo Holland, por que tantos escolhem animais de estimação com os quais, sem perceber, compartilham algum atributo físico.
A ligação emocional entre donos e animais de estimação é semelhante à de uma criança com seus pais – (Imagem Ilustrativa Infobae)
Semelhanças em personalidade e comportamento
Além das semelhanças físicas, as personalidades dos cães e de seus donos também apresentam semelhanças marcantes . O psicólogo social William J. Chopik realizou um estudo no qual avaliou 1.681 pessoas, constatando que os animais de estimação não apenas manifestam a personalidade de seus humanos, mas também tendem a desenvolver atitudes semelhantes em aspectos como sociabilidade e aparência espontânea.
Além disso, Chopik sugere que essas semelhanças podem surgir a partir do momento da escolha do animal de estimação, uma vez que as pessoas tendem a escolher cães que acompanhem o seu estilo de vida e, com o tempo, a convivência e o contexto reforçam essas características compartilhadas.
Yana Bender, pesquisadora do Grupo de Pesquisa DogStudies do Instituto Max Planck de Geoantropologia, na Alemanha, também explorou esse fenômeno. Segundo ela, a relação entre um cão e seu dono pode ser comparada a uma estreita ligação humana, em que ambos os indivíduos, ao longo do tempo, regulam suas emoções ao mesmo tempo e ajustam seus comportamentos com base na reação do outro . Este processo poderia explicar porque é que, à medida que partilham experiências, se tornam cada vez mais semelhantes no seu carácter e nas respostas a vários eventos.
O vínculo que une um cão ao seu dono vai muito além de uma simples relação dono-animal. Segundo o estudioso Borbála Turcsán, da Faculdade de Ciências ELTE da Hungria, esse vínculo é tão forte que pode ser semelhante àquele que se forma entre pai e filho . A partir daqui, ele explica que, graças à domesticação que evoluiu ao longo de milhares de anos, os cães desenvolveram uma profunda dependência dos humanos, que consideram figuras confiáveis. “É igual ao vínculo entre a criança e a mãe”, diz Turcsán.
