Tenente-coronel que era ajudante de ordens do ex-presidente abriu a boca e colocou antigo chefe em situação delicadíssima. Veja o que se sabe sobre as confissões do militar
Uma parte sensível da delação realizada pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), feita à Polícia Federal dias antes de ter sua prisão relaxada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi divulgada pela revista Veja na noite desta quinta-feira (14).
De acordo com a publicação, que em seu texto original traz todo o retrospecto das encrencas em que se Cid se enfiou por causa do antigo chefe de Estado de extrema direita, até chegar à delação, o investigado confirma que realmente vendeu, nos EUA, os relógios Patek Philippe e Rolex que eram propriedade da União, a mando de Bolsonaro, mas ainda assim tentando passar para os federais uma narrativa de que não sabia que aquilo era ilegal.
“O presidente estava preocupado com a vida financeira. A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal”, teria dito o tenente-coronel.
No entanto, além da confissão em que implicou o ex-presidente, o depoimento delatando os detalhes do caso trouxe ainda uma nova informação que deve tornar a situação do ex-ocupante do Palácio do Planalto ainda pior diante da Justiça: o dinheiro proveniente da venda criminosa teria sido entregue em mãos para Jair Bolsonaro, por seu pai, em dólar e em partes, sendo uma delas ainda em território norte-americano.
“Em mãos. Para ele”, seria a frase exata dita pelo militar aos policiais federais, lembrando que os US$ 68 mil foram inicialmente depositados na conta de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, que depois foi o repassando aos poucos a Bolsonaro.
Ainda assim, diante do teor que a Veja reporta até o momento, boa parte dos depoimentos de Cid teriam seguido a linha de ‘aliviar’ as coisas para Bolsonaro e, sobretudo para os militares de alto escalão suspeitos de ações golpistas, como os generais Walter Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, respectivamente da Casa Civil, Secretaria de Governo e Gabinete de Segurança Institucional.
“Nunca vi o general Braga Netto levando nada ao presidente, nenhuma proposta, nada. O general Ramos desapareceu naquele período. Já o general Heleno estava mais preocupado com a saúde do presidente do que com os manifestantes”, teria acrescentado na delação.
Redação/Forum