O padre Airton Freire, da Fundação Terra, foi preso na manhã desta sexta-feira (14) na cidade de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco.
A prisão foi foi confirmada pela Secretaria de Defesa Social (SDS) e acontece após investigações da Polícia Civil relacionadas a uma denúncia de estupro.
Uma coletiva de imprensa será realizada para divulgar mais detalhes sobre as investigações, que resultaram na prisão do religioso.
O QUE DIZ A DEFESA DO PADRE?
Surpreendeu a defesa do padre Airton Freire a decisão de decretar a prisão preventiva do sacerdote. O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde.
A decisão ignora que o padre havia se afastado das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolve um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Depois do afastamento, ficou isolado em sua residência — que é fixa, onde ele pode ser encontrado a qualquer momento —, de forma a não interferir nas investigações.
Apesar de todo o apoio que tem recebido de milhares de pessoas na internet e em manifestações públicas nas ruas de Arcoverde (PE), o padre jamais estimulou ou insuflou movimentos, de modo a não causar comoção social ou desordem pública. E mais: agiu de boa fé ao concordar em se apresentar espontaneamente à Justiça após a decretação da prisão, sem criar mecanismos de retardamento do cumprimento da ordem legal.
SUSPENSO DAS ATIVIDADES RELIGIOSAS
Padre Airton estava suspenso das atividades religiosas desde o final de maio, quando a Diocese de Pesqueira publicou um decreto interno com a decisão.
O documento assinado pelo bispo que comanda a Diocese, Dom José Luiz Ferreira Salles, determinou a suspensão do “Uso de Ordem”, ou seja, a proibição de que o padre Airton presida publicamente ritos religiosos (sacramentos). A exceção é para celebrações eucarísticas privadas com até três fiéis.
As acusações contra o padre não foram reveladas porque as investigações estão sob segredo de justiça.
O documento ainda destacou que a medida é válida a partir da publicação e notificação do padre até o término do procedimento penal. E que o não cumprimento das medidas pode significar desobediência e pode implicar em outras medidas canônicas.
DENÚNCIA
A personal stylist identificada como Silvia Tavares, de 53 anos, diz ter sofrido violência sexual pela pelo padre e seu motorista em agosto de 2022.
Em entrevista à TV Jornal, ela disse que mantinha uma relação próxima com o padre e o tinha como uma figura paterna e santa. “Acreditava piamente na honestidade dele e chamava ele de padinho”, declarou.
Ainda segundo a mulher, a admiração deu lugar ao pavor após ser violentada pelo motorista do sacerdote a mando do padre e na presença dele. Na ocasião, ela teria sido chamada pelo religiosa realizar uma suposta massagem.
“Perguntei o que ele queria comigo aquela hora e ele disse que me chamou para dar uma massagem. Foi então que ele pediu para eu apertar seu cóccix. Quando fiz isso, percebi que ele estava sem usar shorts e peça íntima, então dei um pulo da cama”, relatou.
Ainda em conversa com a TV Jornal, Silvia Tavares, explicou que neste momento o motorista do padre teria entrado em ação.
“Quando pulei da cama, o motorista colocou a faca no meu pescoço, me deu uma gravata e disse ‘quieta que ninguém vai morrer’”, continuou a personal stylist.
Nessa quarta-feira (31), a mulher foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir agilidade da investigação do caso.
“Oferecemos prioritariamente o acolhimento dela como vítima de violência. Estamos articulando acolhimento psicológico e vendo uma advogada para que ela possa ser acompanhada”, declarou Juliana Gouveia, secretária executiva da mulher.
AFASTAMENTO
No começo de junho, o Padre Airton Freire divulgou nota afirmando que vai se afastar da presidência da Fundação Terra dos Servos de Deus, passando sua governança para a vice-presidente, Jéssica Mickaelly Pereira, até que se chegue a um esclarecimento dessa atual situação.
Na nota, o religioso disse estar psicologicamente abalado por tais notícias e completou: “Peço, sobretudo, não não se esqueçam dos pobres.”
Redação/Polêmica Paraíba