ANÁLISE: A força familiar na política de Mari/PB

Publicado em domingo, maio 21, 2023 · Comentar 


Não é estranho que a família Martins tenha dominado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mari com a presença de 7 membros da família, como registra na manhã deste domingo (21) – dia de eleição da entidade – o competente analista Aldo Berg em artigo publicado no Mari Notícias 1. Desde a década de 60 do século passado que José Martins comanda o sindicato.

Do sindicato, os Martins expandiram sua influencia para a política partidária e desde 1973 que a Câmara Municipal de Mari tem ‘acento carimbado’ com representação da dinastia familiar. De lá para cá, a família se revezou com os nomes do próprio Zé Martins, passando para Marcos, depois Zé novamente e agora com Neto.

Mas esse não é privilégio apenas da família Martins, outros clãs familiares também tentaram e outros continuam tentando e até se mantem nas crostas da política e do poder.

A família Arruda, durante décadas mandou e desmandou em Mari. O patriarca Pedro Tomé de Arruda foi prefeito da cidade, elegeu o filho – Eudes de Arruda – prefeito e ainda colocou a filha na cena política. A professora Dirinha Arruda foi vereadora e Presidente do Poder Legislativo Mariense.

A família Melo, apesar de não ter vida social em Mari, também teve parte dos destinos da cidade em suas mãos. José de Melo foi prefeito por duas vezes, o filho Sérgio Melo foi vereador e Presidente da Câmara e a nora Karina Melo foi vice-prefeita.

A família Pontes, também teve forte presença nas hostes do poder. Adinaldo de Oliveira Pontes foi seu maior expoente. Eleito prefeito na década de 80 administrou por seis anos, elegeu a mulher, Vera Pontes, prefeita na década seguinte, conseguiu eleger o sobrinho, Aguinaldo Matias vereador e conseguiu eleger a mulher vereadora depois de ter deixado a prefeitura.

Atualmente dando as cartas no jogo político, a família Gomes vem atuando desde a década de 80. Antonio Gomes começou como vereador, foi secretário, vice-prefeito e prefeito, estando em seu terceiro mandato.

De 80 para cá a câmara sempre teve representação familiar. Depois dele, elegeu a mulher à época, Rosineide Cunha, vereadora; no mandato seguinte apoiou o primo, Biu Gomes e desde 2017 que o filho Alisson está no parlamento mariense, tendo sido presidente da Câmara três vezes.

Na prefeitura, a família Gomes e agregados detém a maior fatia na divisão de poder. É possível dizer que a família ‘reina’ absoluta na gestão e na política. Dois filhos de Antonio e duas noras ocupam pelo menos quatro secretarias estratégicas da prefeitura e são responsáveis pela gestão de mais de 70% do orçamento público municipal.

Na política o domínio é total: o patriarca trabalha, assim como trabalhou nas eleições anteriores, para consolidar a reeleição do filho vereador e para manter sua influência após a eleição de 24. Para sucedê-lo na prefeitura a partir de 2025, o candidato já foi escolhido, sem nenhum tipo de consulta prévia ou discussão coletiva de grupo.

Diante disso, todas as famílias políticas de Mari, sem exceção, trabalham para manter-se no comando e domínio do poder por longo prazo e para tal se propõe a “aniquilar” e/ou sucumbir o surgimento de novas lideranças, quando não cooptando-as para seus projetos, atuam para abatê-las de diversas formas e maneiras, mesmo que isso lhes custem também o seu sepultamento político.

Os casos mais claros pode-se observar com a família Arruda, que mesmo se mantendo por um longo tempo no poder local, perdeu influência, mas não deu oportunidade que outra liderança que orbitasse o clã familiar  pudesse emergir, e atualmente não apita em absolutamente nada na política mariense, bem como com a família Pontes que ao revezar o poder e o comando politico entre o marido (Gordo) e a mulher (Vera) não se permitiram continuar em evidência através de novas lideranças de seu convívio político e acabaram sendo escanteados da cena política.

Voltando a família Martins, é importante frisar que caminha para o mesmo destino dos Arruda e Pontes, caso não consiga protagonizar as eleições do ano que vem. O expoente mais expressivo da família, Marcos Martins, assim como outros lideres familiares/políticos parece manter a mesma máxima das ‘lideranças falidas’ da política local.

A eleição do sindicato rural é uma prova de que Marcos ainda está atuando no mesmo estilo dos velhos coronéis do passado, quando tentou – e de certa forma até conseguiu – barrar a ascensão de Assis Firmino ao posto de Presidente do órgão sindical mais importante da cidade, seja por desconfiança ou por medo de perder poder.

Contudo, vale ressaltar que, os movimentos feitos por Assis Firmino em confronto à Marcos expõe uma situação de fragilidade do ex-prefeito, que se não tivesse feito acordo poderia hoje está sendo derrotado por Assis em uma simples eleição sindical, o que seria um estrago muito maior do ponto de vista político eleitoral.

A máxima é: “quem não quer perder o pouco, acaba perdendo tudo.” e seria isso o ocorrido nesse episódio.

A bem da verdade, queiram os caciques familiares ou não, logo mais estes e suas famílias serão descartados da política e do poder, porque não há ser vivente que reine eternamente. Qual deles irá conseguir mudar um pouco dessa história?.

Redação/ExpressoPB 

Comentários