Sérgio Moro deixa o Ministério da Justiça falando abertamente sobre supostas ações irregulares por parte de Jair Bolsonaro e também deve explicações à sociedade se já sabia dos atos do capitão reformado.
As conclusões são da advogada Izadora Gama Brito, executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Sergipe. Em entrevista ao Brasil de Fato, ela ressalta que deixar o governo em um momento de enfraquecimento e isolamento do presidente é uma estratégia política e deve ser levada em consideração nas avaliações da postura do ex-juiz.
“Abandonar o barco no momento em que Bolsonaro está absolutamente desgastado politicamente, sem aliados, é uma estratégia política. Isso não quer dizer que Moro não foi conivente e até omisso. O Moro não fez absolutamente nada para investigar o assassinato do Adriano Nóbrega, acusado de envolvimento com a milícia. Ele não fez absolutamente nada para investigar a máquina das fake news. Uma série de coisas que ele foi conivente e foi confortável estar no governo até agora, mas que neste momento ele opta por sair do governo, jogando tudo isso no ventilador”, afirma Brito.
Documentos revelados pelo site The Intercept Brasil neste sábado (25), trazem novos elementos sobre a ligação entre o senador Flávio Bolsonaro e a milícia do Rio de Janeiro chefiada por Adriano da Nóbrega. Segundo as informações de documentos sigilosos e dados levantados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro financiou e lucrou com a construção ilegal de prédios erguidos pela milícia usando dinheiro público.
O andamento das investigações que fecham o cerco contra o filho de Jair Bolsonaro é um dos motivos para que o presidente tenha pressionado o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio, que também investiga o caso, e em Brasília.
Em troca de mensagens reveladas por Moro ao Jornal Nacional nesta sexta-feira (24), Bolsonaro pede a saída do diretor da Polícia Federal em razão da investigação aberta pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, sobre atos em favor do AI-5 e do fechamento de instituições republicanas que tiveram a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no domingo (19).
Na última terça-feira (21), Moraes autorizou a abertura de um inquérito para investigar possível violação da Lei de Segurança Nacional, atendendo a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
“O ministro, uma das principais figuras do governo, colocar isso em rede nacional abertamente, fazendo essa denúncia de tentativa de obstrução da Justiça. Muitas coisas estão em jogo aí. O que exatamente o Bolsonaro quer ocultar? O que exatamente o presidente da República quer interferir nas ações do STF? A gente quebrou princípios básicos da tripartição dos poderes.A denúncia é muito grave e precisa urgentemente ser investigada. Até porque, hoje tramitam duas investigações muito importantes, que são a das fake news e a dos atos absolutamente antidemocráticos que aconteceram” afirma a advogada.
Da Redação
Com Brasil de Fato





