Para muita gente dezembro e janeiro se caracterizam pelas férias; férias escolares sobretudo; também empresas dão férias coletivas a seus funcionários.
Nesses dois meses se concentram numerosas festividades, confraternizações, passeios, viagens, praias…. Natal, ano novo, festa de Reis, festa de são Sebastião… e para muitas pessoas as férias só acabam depois do carnaval (em fevereiro).
As férias servem para sair da rotina, descansar, dá uma pausa ao frenesi da vida e de um certo modo valorizar a vida e saboreá-la com repouso e tranquilidade para perceber-se homem, livre… as férias, talvez pudéssemos chamá-las de domingo prolongado.
A sociedade atual dá muito valor à liberdade, apesar de ser uma sociedade escrava da produção e do consumo desenfreados de bens e serviços.
A produção e o consumo são os princípios fundamentais da sociedade capitalista, e o ser humano vive como dentro de uma engrenagem e o torna também um produto e, por isso mesmo determinadas indústrias e empresas trabalham sempre sem se preocupar com os chamados dias santos, domingos ou feriados (vem-me a mente o filme “Tempos Modernos” de Chaplin).
Estamos tão envolvidos neste sistema de coisas que os feriados, domingos, dias santos e até mesmo as férias para muitas pessoas já não são tempo de descanso, de pausa, de quiete para na tranquilidade “produzir vida interior”.
Numa sociedade descristianizada, no domingo não procura-se ir celebrar a vida recebida de Deus e agradecer-lhe na igreja, em companhia de irmãos de fé; nas férias muitos perdem o sentido de responsabilidade por tudo, e vivem de um lado para outro, de passeios e praias, de festa em festa, terminando sempre ansiosos, cansados e aborrecidos.
Jesus aconselhava aos discípulos, depois de suas missões, que procurassem um lugar apartado para descansar um pouco (Mc 6, 30-31). O descanso não é desperdício de tempo; o descanso pode e deve ser produtivo: recuperar e fortalecer as energias físicas e espirituais; procurar contemplar e usufruir da beleza do mundo e de Deus; encontrar-se e alimentar-se da presença de Deus, dos amigos e familiares; aproveitar para ler o livro desejado, para ler a Bíblia, para assistir ao filme… molhar os pés nas águas do riacho.
O salmo 22 falando de Deus como pastor cuidadoso, nos faz entrar nesta visão simples e bonita da vida que pode ser vivenciada sobretudo no período das férias: “por verdes passagens me faz repousar, para fontes tranquilas me encaminha e restaura as minhas forças; prepara-me a mesa bem na frente do inimigo (cuidado com o selfie, exposição demasiada nas redes sócias) e enche a minha taça”. Um Deus com características humanas que nos ensina o valor da tranquilidade, do descanso, da festa que restaura, da felicidade e da paz.
O Missal Romano, dentre os convites a orar uma antes da oração sobre as ofertas, traz um texto excelente, chamando o domingo e a missa dominical de “pausa restauradora”: Orai, irmãos e irmãs, nesta pausa restauradora na caminhada rumo ao céu, seja aceito por Deus Pai todo-poderoso.
Todos temos necessidade de uma pausa que nos humanize, que nos restaure! As férias servem para isso.
Recuperar o sentido da festa, do Domingo, das férias, da verdadeira liberdade de filhos e filhas de Deus liberta do estresses, da ansiedade e das depressões.
* Texto republicado da Revista EXPRESSO – Edição/Janeiro
Pe. Elias Sales
Administrador Paroquial de Cuitegi/PB
Reitor do Seminário Diocesano São José