No programa Paraíba em Pauta desta segunda-feira (29), a presidente da Câmara Municipal de Mari (PB), Djá Moura, concedeu uma entrevista em que traçou um balanço amplamente positivo de seu primeiro ano à frente do Legislativo municipal, exibindo melhorias estruturais e avanços administrativos que, sob a sua perspectiva, consolidam uma gestão de modernização e proximidade com a população mariense.
Reformas, Modernização e Digitalização
Djá Moura destacou, no diálogo com os apresentadores Carlos Alcides e Assis Firmino, investimentos relativamente modestos em reformas físicas e tecnológicas, como a modernização do prédio da Câmara, compra de mobiliário e implementação de serviços digitais que, na visão da presidente, sinalizam um Legislativo mais eficiente e adaptado às demandas atuais.
A digitalização de procedimentos e a modernização do processo legislativo, já identificadas também na página institucional da Câmara, remetem a uma tendência contemporânea de transparência pública, com implantação de Diário Oficial, modernização do Portal da Transparência e serviços online de acesso ao cidadão, conforme relata o perfil institucional da vereadora.
O outro lado dos números: Gastos, proporcionalidade e fiscalização
Entretanto, uma análise mais crítica dos dados disponíveis, consolidada no texto editorial da página Paraíba Dois Ponto 0, aponta para um quadro em que os efeitos práticos dessas iniciativas administrativas esbarram em um custo engrandecido da máquina legislativa, cuja proporção com o volume real de atividades da Casa levanta questionamentos válidos.
Segundo o veículo, a Câmara de Mari realizou apenas sete processos licitatórios ao longo de 2025, mas mantém contratos que, isoladamente, somam valores consideráveis para uma Casa de porte pequeno, como a assessoria para licitações (R$ 22 mil), assessoria jurídica (R$ 55 mil), combustíveis (R$ 61,8 mil) e locações de veículos que ultrapassam R$ 87 mil no ano.
Essa estrutura de custos, somada a um gasto mensal significativo em publicidade institucional, coloca no centro do debate a proporcionalidade entre despesa e demanda legislativa, um indicador essencial para qualquer avaliação de economicidade na gestão pública.
Transparência em Xeque: Inquérito Civil e pressão por clareza
O texto analítico também menciona a tramitação de um inquérito civil (nº 064.2025.001064) que apura possíveis irregularidades no uso de recursos para publicidade institucional, levantando a necessidade de um reforço na transparência e no diálogo com a sociedade para além de slogans e narrativas de modernidade.
Ainda que a legalidade formal desses gastos não esteja diretamente contestada, a opacidade percebida neste contexto fragiliza a retórica da eficiência e da gestão responsável, sobretudo em tempos de pressão por maior controle fiscal e escrutínio público.
Avanços tangíveis, cautela necessária
O primeiro ano de Djá Moura como presidente da Câmara de Mari apresenta, sob uma lente otimista, alguns avanços administrativos e sinais de modernização que merecem reconhecimento. Contudo, quando contrastados com o custo administrativo elevado em relação às atividades efetivamente realizadas e a presença de questionamentos sobre transparência, emerge um equilíbrio delicado entre promessa e prática.
Para além dos números contabilizados, a gestão será julgada, em última instância, pela capacidade de traduzir investimentos em efetiva representatividade e serviço público, garantindo que cada real gasto corresponda a um benefício claro para o cidadão de Mari.
Redação/ExpressoPB
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