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Prefeito que terá de devolver R$ 1 milhão ao Ministério da Saúde diz que vai pagar show de Zezé

A prefeitura de Marabá (PA) terá que devolver R$ 986,3 mil ao Ministério da Saúde até o próximo dia 31 de dezembro, após não conseguir realizar nenhuma cirurgia eletiva em 2025. O valor foi recebido por meio do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC), mas, devido à incapacidade da gestão municipal de aplicar os recursos na área da saúde, a verba precisará ser restituída.

Enquanto isso, mais de 8 mil pessoas aguardam na fila para cirurgias eletivas, procedimentos médicos não urgentes como remoção de vesícula, hérnias, ou intervenções ginecológicas e ortopédicas. O prazo para o município comprovar a aplicação do recurso era até 20 de novembro, mas Marabá não conseguiu cumprir a meta, não realizando nem uma única cirurgia eletiva durante o ano de 2025.

Em meio à crise na saúde, o prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), anunciou que a prefeitura irá assumir os custos do show de Zezé Di Camargo na virada de ano, que terá um custo de R$ 1 milhão. A decisão surge após o cancelamento de um repasse federal que havia sido inicialmente aprovado para o evento.

Cunha acusou o governo federal de retaliação política, alegando que o cancelamento da verba seria uma forma de perseguição contra o artista e o povo de Marabá. Em suas redes sociais, o prefeito afirmou que a procuradoria municipal entrará com uma ação judicial contra a União para garantir o repasse.

“Marabá vai pagar e o show está mantido!”, declarou Cunha, reforçando sua autoridade sobre as políticas públicas da cidade. Ele ainda disse que a população marabaense estava “indignada” com o que chamou de “descompromisso e perseguição” por parte do governo Lula.

Com uma população de cerca de 266 mil habitantes, Marabá ocupa o 9º lugar na lista das dez cidades com pior saneamento básico do Brasil, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil. O estudo, que analisou dados sobre água, coleta, tratamento de esgoto e investimentos na área em 2021, revela que Marabá só fica atrás de Macapá, a última colocada.

Os dados indicam que, entre os cem municípios avaliados, dez têm 100% de cobertura de coleta de esgoto, e outros 28 superam ou alcançam índices de coleta acima de 90%. No entanto, Marabá apresenta o menor percentual de população atendida com serviço de coleta de esgoto, com apenas 0,73%.

A presidente executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, destaca que o ranking evidência a urgência de os municípios garantirem o acesso universal à água potável e à coleta de esgoto. “O esgoto é o principal gargalo a ser superado”, afirmou.

Além de figurar entre as cidades com os piores índices de coleta de esgoto, Marabá também enfrenta sérios problemas no tratamento de esgoto, com apenas 2,26% do volume total de esgoto sendo tratado, segundo a pesquisa.

Outro dado alarmante é o acesso à água potável: apenas 32,89% da população de Marabá tem acesso à água potável, bem abaixo da média nacional de 84,20%. Esses números revelam a grande dificuldade enfrentada pelo município em garantir o básico para sua população, apontando a necessidade urgente de melhorias no saneamento e abastecimento de água.

Redação/DCM
Foto Reprodução

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