O governador João Azevêdo voltou a causar ruído dentro da própria base aliada ao afirmar, nesta terça-feira (18), que “duvida muito que parceiros que estejam dizendo isso subam num palanque e peçam voto pra mim no palanque deles”. A declaração, feita à imprensa, coloca luz sobre um conflito interno que envolve coerência política, confiança e memória recente da própria trajetória eleitoral do governador.
Discurso x Prática: João questiona hoje o que aceitou ontem
João se refere aos aliados do governo e do PSB que vêm declarando, abertamente, que pretendem apoiar Cícero Lucena para governador em 2026 e o próprio João para o Senado. A fala do governador carrega um tom de desconfiança que expõe, de forma indireta, a instabilidade da relação com setores importantes de sua base.
Mas há um ponto central: a contradição entre o discurso atual do governador e sua prática recente.
Em 2022, o Republicanos – principal aliado de João naquele pleito – fez exatamente aquilo que hoje ele coloca em xeque: subiu em um palanque duplo. O partido o apoiou para o Governo do Estado, mas, para o Senado, optou por Efraim Filho, adversário direto da candidata oficial de João, a então deputada Pollyanna Werton (PSB). Ou seja, João aceitou um apoio que dividia palanque, admitiu um arranjo político que beneficiava seu projeto e não contestou, naquele momento, a falta de unidade entre seus próprios aliados.
Hoje, no entanto, o governador adota um discurso oposto, questionando a credibilidade de quem, exatamente como em 2022, declara apoio dividido.
A contradição que fragiliza o discurso de João Azevêdo
Ao duvidar publicamente dos aliados, João desperta um contraste inevitável: quando o palanque dividido beneficiava João, ele aceitou sem críticas; quando o palanque dividido pode não atender 100% aos seus interesses, ele questiona a lealdade dos aliados.
Essa postura gera ruído político e transmite insegurança num momento crucial, quando partidos e lideranças começam a se reposicionar para 2026. Internamente, a fala do governador é vista como um recado duro [e pouco coerente] para aliados que sempre navegaram com pragmatismo na política paraibana.
Impactos políticos: João pode criar o problema que tenta evitar
Ao expor publicamente sua desconfiança, o governador abre margem para afastar aliados que já vinham demonstrando simpatia por sua candidatura ao Senado, além de fortalecer Cícero Lucena como polo de diálogo e articulação e ainda reacender feridas de 2022, especialmente entre quem se sentiu preterido na época, como setores ligados à própria Pollyanna Werton.
Na prática, João cobra hoje a lealdade irrestrita que ele próprio relativizou quando o contexto político lhe favorecia.
Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução





