O Dia Mundial do Ceratocone, celebrado em 10 de novembro, tem o objetivo de conscientizar a população para essa doença ocular que afeta a córnea, camada transparente localizada na frente do olho, tornando-a mais fina, fraca e irregular. Com o enfraquecimento de sua estrutura, a córnea se projeta para frente e passa a adquirir o formato de um cone, em vez de permanecer naturalmente arredondada.
A Dra. Camila Moraes, médica oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco, o HOPE explica que “a deformação causada pelo Ceratocone prejudica a entrada e o foco da luz pelo olho e pode resultar em miopia e astigmatismo irregular. Além disso, os graus mudam com frequência e os óculos podem deixar de corrigir adequadamente a visão, devido ao tipo peculiar do astigmatismo”.
A deformidade na córnea pode não ser percebida nos estágios iniciais da doença. Mas é importante que o paciente observe e investigue os sinais da doença ocular. A oftalmologista alerta quais são eles:
- Necessidade de troca constante dos óculos, por mudança de grau;
- Visão embaçada e distorcida, principalmente à noite;
- Sensibilidade à luz, a chamada fotofobia;
- Visão dupla em um dos olhos;
- Ver as luzes das lâmpadas distorcidas ou com círculos luminosos ao redor das mesmas.
A médica esclarece que “existe uma contribuição hereditária, ainda não totalmente esclarecida relacionada ao Ceratocone, mas o principal fator de risco é o hábito de coçar os olhos, comportamento que é fundamental evitar e reforçamos essa orientação no consultório oftalmológico. Ao coçar os olhos o indivíduo estimula o remodelamento prejudicial das fibras de colágeno da córnea, causando deformidades. Já entre os fatores ambientais temos a alergia ocular, que leva a pessoa a coçar os olhos.”
Outras condições que podem estar associadas ao desenvolvimento do Ceratocone são a Síndrome de Down, a dermatite atópica e algumas doenças do colágeno. De acordo com o Ministério da Saúde, o Ceratocone é o principal motivo para que pacientes entrem na fila por um transplante de córnea no Brasil. Geralmente ele surge entre os 10 e os 25 anos de idade e a estimativa do órgão é que, a cada ano, 150 mil brasileiros são diagnosticados com Ceratocone.
A progressão da doença ocular varia. A Dra. Camila Moraes afirma que “em alguns casos o Ceratocone avança por anos e depois estabiliza espontaneamente. Em outros, pode evoluir rapidamente se não for tratado. Mas em geral, a progressão acelerada é mais comum na infância e, no decorrer dos anos, temos um fortalecimento natural do colágeno corneano, resultando em provável estabilização na vida adulta, por volta da terceira década de vida”.
A especialista diz que as opções de tratamento variam conforme o estágio da doença:
Ceratocone leve: óculos em geral são suficientes;
Ceratocone leve a avançado: lentes de contato rígidas (corneanas ou esclerais) garantem boa visão ao paciente;
Ceratocone moderado a avançado: implante de anéis intracorneanos para regularizar o formato da córnea e melhorar a correção visual com óculos ou lentes. Não impede a progressão da doença;
Ceratocone em progressão: o procedimento de crosslinking corneano é indicado para estabilizar a doença, com taxa de sucesso altíssima em cones leves a moderados;
Ceratocone avançado: pode ser realizado um transplante de córnea, de preferência um transplante tipo DALK (transplante lamelar anterior) em que são substituídas apenas as camadas danificadas e que apresenta uma taxa de rejeição menor.
Nos casos avançados podem surgir cicatrizes corneanas e queda importante da acuidade visual. Vale lembrar que o Ceratocone faz com que a córnea perca sua curvatura regular e não tem cura, somente controle. Realizar exames oftalmológicos regulares, evitar coçar os olhos e tratar alergias oculares são medidas importantes para prevenir a doença ocular e garantir o diagnóstico precoce. Os cuidados devem ser adotados a partir da infância, a fim de evitar a progressão do Ceratocone.
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