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ANÁLISE | O rompimento ‘elegante’ entre Laelson e Clodoaldo em São Miguel de Taipú contrasta com as brigas políticas da região

Em tempos em que a política municipal costuma ser palco de ataques, ironias e rupturas barulhentas, o que ocorreu em São Miguel de Taipú entre o prefeito Laelson Albuquerque e o ex-prefeito Clodoaldo Beltrão pode ser considerado um raro exemplo de maturidade política. O rompimento entre os dois líderes foi anunciado sem ofensas, sem acusações públicas e sem o tradicional “barraco” que costuma acompanhar o fim de alianças no interior paraibano.

Enquanto em cidades vizinhas como Marí e Santa Rita, onde o rompimento entre os ex-prefeitos com seus sucessores foram marcados por ameaças, acusações, brigas e as divergências políticas se transformaram em verdadeiros combates, em São Miguel de Taipú prevaleceu a diplomacia e o respeito mútuo.

Laelson anunciou o fim da parceria por meio de uma mensagem simples de WhatsApp, reconhecendo a importância de Clodoaldo em sua trajetória e agradecendo publicamente pelo apoio recebido nas duas eleições que o levaram à Prefeitura. Do outro lado, Clodoaldo respondeu em tom emocional, mas sereno, lamentando o distanciamento, reafirmando que “o Laelson de 2006 não é o mesmo de hoje”, mas ainda assim desejando sabedoria e equilíbrio ao atual gestor.

A forma como ambos conduziram o afastamento revela um estilo raro na política local: o rompimento civilizado. Sem ataques pessoais, sem acusações de traição pública, e sem transformar divergências em espetáculo. Clodoaldo, mesmo ao expressar mágoa, manteve a compostura e encerrou sua fala com um gesto de grandeza: “Boa sorte, e caminhe com Deus, sempre com Deus no coração.”

O tom adotado pelos dois líderes contrasta com o padrão cada vez mais comum de rupturas bélicas, onde as redes sociais viram arenas de disputa e a política perde seu caráter institucional. Em São Miguel de Taipú, a história segue outro rumo: o da elegância e do respeito político, ainda que as diferenças sejam evidentes.

No cenário político paraibano, onde rompimentos costumam abrir feridas profundas e comprometer alianças futuras, o exemplo de Laelson e Clodoaldo mostra que é possível discordar sem destruir. Que a política, quando tratada com civilidade, pode ser um espaço de transição e amadurecimento, não de guerra.

E talvez aí resida a principal lição desse episódio: em tempos de polarização e ataques gratuitos, a serenidade se tornou o gesto mais revolucionário da política local.

Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução 

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