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“Vovó Malvadeza”, “Incompetente”, “Irresponsável”: prefeita de Marí vira alvo de violência política de gênero e mulheres se mobilizam em campanha de resistência

A prefeita de Marí, Lucinha da Saúde (PSB), tem sido alvo de uma sequência de ataques pessoais e políticos que ultrapassam o debate democrático e configuram violência política de gênero, crime tipificado pela Lei nº 14.192/2021.

Acusada sem provas de provocar na morte [natural] do filho de um político local, chamada de “vovó malvadeza” em discursos e redes sociais, e ainda taxada de “despreparada, incompetente e irresponsável” por adversários, entre eles um ex-prefeito e um vereador do município, Lucinha enfrenta uma ofensiva que tem nítido recorte de gênero e busca desmoralizá-la por ser mulher e ocupar o poder, que na visão dos agressores esse poder é “indigno para ela” porque ela teria sido colocada lá pelo seu antecessor e não pelo voto soberano do povo.

Campanha de solidariedade e resistência

Diante da escalada de ataques, um grupo de mulheres da cidade lançou a campanha “Por Ela, Por Elas, Por Marí”, que reuniu, na tarde desta sexta-feira (31), dezenas de moradoras, lideranças femininas e representantes da sociedade civil, na Zona da Mata da Paraíba.

O ato contou com a solidariedade da Secretária de Estado da Mulher e Diversidade, Lídia Moura, além da esposa do vice-governador, prefeitas, vereadoras e ativistas da causa feminina. A prefeita Lucinha participou acompanhada de suas filhas, netas e pela mãe, reforçando o simbolismo da luta intergeracional das mulheres por respeito e igualdade na política.

Com balões e cartazes nas cores roxa e lilás, símbolos da resistência feminina, o movimento destacou que o que Lucinha enfrenta não são críticas administrativas, mas ataques misóginos e violentos, que buscam calar uma mulher eleita democraticamente.

Provas e silêncio conveniente

Apesar de alguns setores da mídia tentarem relativizar a situação, afirmando que os relatos partem apenas de interlocutores próximos, áudios, vídeos e publicações nas redes sociais revelam o teor agressivo das ofensas, proferidas de forma pública, escancarada e abusiva. Nenhum outro gestor (homem/macho) da cidade, mesmo diante de erros administrativos, foi alvo de humilhações semelhantes.

O que é violência política de gênero

A Lei nº 14.192/2021 define como violência política de gênero qualquer ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, restringir ou dificultar o exercício dos direitos políticos das mulheres, seja por discurso de ódio, ofensa à honra, intimidação ou ameaça.

No caso de Lucinha da Saúde, a perseguição sistemática e o uso de expressões pejorativas associadas à sua idade e ao fato de ser mulher materializam exatamente esse tipo de violência.

Um ato em defesa de todas

O movimento “Por Ela, Por Elas, Por Marí” ultrapassa os limites do município. Tornou-se um grito coletivo contra o machismo na política paraibana e um alerta: o espaço público precisa garantir às mulheres o direito de governar sem medo, sem insultos e sem ódio.

Caso parecido na cidade vizinha

Em Mulungu, cidade que faz fronteira com Mari, caso semelhante ocorreu nos dias passados. A prefeita Daniella Ribeiro foi agredida e ofendida pelo ex-prefeito pelo fato dela está em tratamento para poder engravidar.

Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução 

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