Um novo estudo publicado na revista científica Ciência Latina sugere que o vício é, na verdade, resultado de falhas específicas na comunicação entre áreas do cérebro, falhas muitas vezes originadas ainda na infância, por traumas ou ausência de vínculos afetivos.
A pesquisa foi conduzida pelo Pós PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com os pesquisadores Lincoln Nunes, Ricardo Ferreira e Cássio Pagnoncelli. Juntos, os autores propõem um modelo mais preciso e científico para entender o vício como um distúrbio de conectividade cerebral e não apenas como desvio de conduta ou transtorno emocional.
“O comportamento adicto não é uma escolha simples. Ele pode ser consequência de uma reorganização disfuncional de circuitos cerebrais afetados por estresse crônico e carência emocional na infância”, explica o Dr. Fabiano.
Um olhar mais técnico, mas mais humano
A nova abordagem abandona explicações vagas ou metafísicas sobre o vício. Em vez disso, foca em alterações mensuráveis no cérebro, como problemas nos circuitos dopaminérgicos e nas conexões entre áreas ligadas ao controle emocional, memória e tomada de decisão. Essas alterações são resultado de experiências ambientais negativas que moldam o cérebro desde cedo.
De acordo com os autores, a dependência química ou comportamental não surge de forma isolada, mas pode estar associada a déficits sociais, traumas e desregulação emocional profunda.
“Mapeamentos cerebrais mostram que padrões de memória emocional negativa podem ficar gravados em circuitos neuronais e gerar respostas automáticas disfuncionais na vida adulta. Isso ajuda a explicar por que tantos recaem, mesmo querendo mudar”.
“Tratamentos baseados apenas na conduta, sem entender a arquitetura cerebral por trás do comportamento adicto, podem ser limitados. A medicina de precisão e a neurociência clínica oferecem ferramentas para atuar diretamente nas causas do problema”, destaca o Dr. Fabiano de Abreu.
Um desafio social e terapêutico
Para os autores, essa visão ajuda também a combater o estigma social. Entender o vício como uma disfunção cerebral complexa é um passo importante para acolher melhor quem sofre, melhorar os métodos de tratamento e desenvolver políticas públicas mais eficazes.
“Vício é sintoma de algo maior. Se entendermos o cérebro, entenderemos melhor o ser humano e teremos mais chances de ajudá-lo”, finaliza o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
Redação/MF Press Global
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