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PF abre inquérito para apurar ligação de Cícero Lucena com facções nas eleições de 2024; prefeito afirma “confiar na verdade”

A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para investigar a suposta participação do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), em articulações com facções criminosas durante o pleito municipal de 2024. O avanço da investigação acende o alerta sobre o potencial comprometimento do processo eleitoral na capital paraibana.

Segundo fontes jornalísticas, o foco da apuração incide sobre a esposa do prefeito, Lauremília Lucena, que chegou a ser presa durante a operação preliminar das investigações. A peça de denúncia da PF aponta que ela teria intermediado uma negociação com a facção denominada Nova Okaída para influenciar a dinâmica eleitoral – indicando cargos públicos em troca de apoio e cerceamento da atuação de adversários.

Investigações reveladoras
Fontes oficiais relatam que o relatório de investigação da PF identificou diálogos interceptados em que Lauremília e membros da facção combinavam trocas de favores, com o objetivo de garantir apoio eleitoral ao prefeito e restringir o acesso de outros candidatos a determinados territórios de João Pessoa.

A denúncia, elaborada pelo Ministério Público Eleitoral da Paraíba, classifica o esquema como “dominação por medo e força”, em que as comunidades se tornavam terreno de influência da facção em parceria com agentes políticos.

No bojo da investigação, consta o indiciamento da primeira-dama e da filha do prefeito, Janine Lucena, por crimes como peculato, crime eleitoral e organização criminosa. A PF aponta que ambas negociavam cargos na prefeitura em troca de apoio da facção.

O inquérito agora aberto amplia o radar para avaliar se Cícero Lucena também colaborou ou teve ciência das operações criminosas durante sua campanha à reeleição em 2024.

A prisão da mulher de Cícero: símbolo da gravidade

Em 27 de setembro de 2024, Lauremília Lucena foi detida pela PF, na operação batizada de Operação Território Livre, sob acusações de aliciamento violento de eleitores e organização criminosa eleitoral.

A juíza da 64ª Zona Eleitoral de João Pessoa, Maria de Fátima Lúcia Ramalho, autorizou a custódia preventiva alegando que Lauremília exercia “função ativa” no controle eleitoral junto à organização criminosa.

A prisão da esposa do prefeito lança uma sombra sobre a campanha de 2024 e sobre as garantias democráticas em João Pessoa, levantando a hipótese de que o pleito foi permeado por coação e manipulação de votos em áreas dominadas pela facção.

Resposta do prefeito e próximos passos

Cícero Lucena, em nota pública, disse que “confia na verdade” e reafirmou seu compromisso com a legalidade e com o processo democrático. “Tenho convicção de que a investigação vai mostrar que não houve envolvimento meu em práticas ilícitas”, afirmou.

Enquanto isso, a PF trabalha na coleta de provas, interceptações, quebras de sigilo, mandados de busca e apreensão, para sustentar o inquérito aberto. A instância eleitoral e o Ministério Público acompanharão os desdobramentos.

Implicações para 2026 e relevância para a Paraíba

O que se configura em João Pessoa pode servir como paradigma para outros municípios paraibanos diante da infiltração de grupos criminosos no processo eleitoral. A investigação da PF sobre a aliança de facções com agentes públicos põe em xeque a lisura das urnas, sobretudo em áreas vulneráveis, e evidencia o desafio da segurança eleitoral.

Para os eleitores e para os observadores políticos, o caso exige atenção: se comprovado, mina a confiança no sistema democrático local e impõe uma reflexão urgente sobre os mecanismos de controle e fiscalização das eleições.

Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução

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