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IMAGEM DO DIA | Fila mortal na Praça da Penha: o impacto cruel da imagem que choca o Brasil

Na manhã desta quarta-feira (29), a imagem chocante de corpos estendidos em fileira na Praça da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se impôs à primeira visualização e com ela, veio a urgência de uma pergunta que não se pode ignorar: o que significa ver a morte organizada como um espetáculo público em pleno cerne de uma comunidade?

A cena, dezenas de vítimas mortas após a megaoperação policial deflagrada no dia anterior, expõe um rosto incômodo da violência de Estado e da letalidade das forças de segurança.

O peso simbólico da imagem

Ver corpos alinhados no chão transmite simultaneamente ordem e terror: ordem porque obedecem a uma disposição quase militar; terror porque lembram que a vida se desfaz diante da passividade coletiva, ou pelo menos da normalização da violência. A estrutura da fileira, longe de ser neutra, transforma a cena em um protesto visual, uma acusação silenciosa dirigida à sociedade, ao Estado, aos que assistem.

Além disso, o local, uma praça pública, intensifica o impacto: não se trata de um cenário escondido, mas de um palco visível, exposto. Isso amplia o estrago psicológico: moradores que caminham, crianças que passam, jornalistas que registram, todos são forçados a confrontar o caos.

Impactos políticos, sociais e de imagem

Para o Estado e para as forças policiais, a cena representa um colapso simbólico: se o papel da polícia é proteger, o registro extremo de corpos numa praça denuncia que, ao menos naquele momento, ela falhou ou se tornou perpetradora.

Para a comunidade, é trauma ativado, vidas interrompidas, medo ampliado, dignidade desfeita. A visibilidade pública desse massacre impede que os fatos sumam sob o véu do silêncio.

Para a mídia e para o público, essa imagem atua como catalisador: gera cliques, provoca indignação, força o debate sobre segurança pública, militarização, justiça e impunidade. O apelo à emoção e à urgência é claro, as pessoas são atraídas pelo inusitado, pelo trágico e pelo coletivo que vira símbolo.

A profundidade da denúncia por trás da foto

Se a imagem fala, ela diz que não se trata apenas de “mais uma operação policial” mas de uma ruptura:

  • Ruptura do pacto social em que o Estado assegura a vida;

  • Ruptura da normalidade que aceitaria mortes isoladas, aqui são corpos em série, corpos visíveis, corpos que exigem resposta;

  • Ruptura da invisibilidade histórica das vítimas das periferias: neste caso, os corpos são trazidos ao centro, visíveis, inescapáveis.

Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução: Rede Social 

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