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Brasil saúda os 90 anos de Mauricio de Sousa, pai da Turma da Mônica

Aos 90 anos, que completa nesta segunda-feira (27/10), Mauricio de Sousa volta a ser personagem. Criador da turma que ensinou gerações de brasileiros a ler, o quadrinista mais popular do país comemora aniversário vendo sua história ganhar as telas em “Mauricio de Sousa – O filme”, de Pedro Vasconcelos, que entrou em cartaz na última quinta-feira.

Nascido em Santa Isabel, na Região Metropolitana de São Paulo, Mauricio começou a desenhar ainda criança. Adulto, trabalhou como repórter policial no extinto Folha da Tarde, onde aprendeu a transformar histórias em traços e a simplificar textos, habilidade que mais tarde usaria para preencher os balõezinhos de seus gibis.

Bidu

A primeira tirinha foi publicada em 1959, na Folha da Tarde. Nascia Bidu, personagem inspirado no cachorro de infância de Mauricio, primeiro quadrinho comercializado dele. Nesse período, fundou o estúdio Bidulândia.

Em 1960, foi demitido do jornal. Mais tarde, contaria que a dispensa ocorreu sob a acusação de ser comunista, por defender cotas de publicação para brasileiros quando presidia a Associação dos Desenhistas de São Paulo. Sem recursos, passou a vender tirinhas para jornais, chegando a emplacar seus desenhos em 300 veículos do país.

Mônica

Em 1963, o publisher Octavio Frias de Oliveira, do Grupo Folha, o convidou para criar um suplemento infantil dominical. Nascia a Folhinha, e, em março daquele ano, Mônica, personagem inspirada na filha de Mauricio de Sousa.

Em 1987, surgiu a empresa MSP Estúdios. Hoje, o grupo conta com cerca de 200 funcionários e produz 20 revistinhas por mês.

Pioneiro no Brasil ao investir no licenciamento de personagens, Mauricio de Sousa transformou seus quadrinhos em um império criativo e comercial.

Zeloso com sua obra, ensinou dezenas de artistas a reproduzirem seu traço e estilo. Durante anos, publicou revistas apenas com sua assinatura, prática que mudou há cerca de uma década, quando a MSP passou a dar crédito aos autores das histórias.

Os personagens foram mudando com o passar do tempo. Mônica se tornou menos agressiva e Chico Bento ganhou fala mais próxima da linguagem real, após críticas de professores.

A partir de 2019, as criações de Mauricio de Sousa migraram para o cinema em versões live action.

Primeiro veio “Turma da Mônica: Laços”, de Daniel Rezende, seguido por “Turma da Mônica: Lições” (2021), do mesmo diretor; “Turma da Mônica Jovem: Reflexos do medo” (2024), de Maurício Eça; e “Chico Bento e a goiabeira maraviósa” (2025), de Fernando Fraiha.

Nos últimos anos, o quadrinista vem se afastando da vida pública, recusando entrevistas e limitando aparições. Em 2023, ele foi à Bienal do Livro do Rio de Janeiro, quando participou de mesa no dia de abertura, autografou livros e também celebrou os 60 anos de Mônica.

Na semana passada, o artista compareceu à pré-estreia de “Mauricio de Sousa – O filme”, na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na capital paulista.

O longa condensa nove décadas em 90 minutos, guiando o espectador da infância de Mauricio – o menino que desenhava para entender o mundo – até o sucesso estrondoso da Turma da Mônica. O papel principal ficou com Mauro Sousa, filho do cartunista e diretor da MSP.

“Com ele não tem tempo ruim. Está sempre sorrindo, não importa o que aconteça. Sempre otimista, sempre olhando pra frente. Criou o que criou porque acreditou muito nele, no trabalho dele e no talento dele”, afirmou Mauro Sousa.

Ovação

O quadrinista assistiu à exibição de sua cinebiografia numa cadeira de rodas, ao lado do filho. Os dois se emocionaram ao serem ovacionados pelo público. Sem discursar, Mauricio limitou-se a acenar e distribuir sorrisos.

Mesmo longe dos holofotes, ele segue influenciando gerações e reafirmando a filosofia que repete há anos: “Artista não se aposenta. Artista vira estrelinha e continua iluminando de alguma maneira algum pedaço por aí”.

Da redação/ Com Estado de Minas

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