A máxima de que “o povo é a cara dos seus representantes” parece ganhar contornos sombrios quando observamos certos exemplos da política paraibana. Um deles é o caso do vereador Wagner de Bebé, do município de Santa Rita, atualmente preso sob suspeita de envolvimento em um homicídio. O episódio, que já havia chocado a população pela gravidade das acusações, ganhou um fato novo nesta semana: um desembargador do Tribunal de Justiça da Paraíba determinou a suspensão do júri popular que julgaria o parlamentar, alegando risco à integridade dos jurados, que teriam sido ameaçados pelo próprio vereador, mesmo sob custódia.
O caso reacende um debate necessário sobre o perfil de quem elegemos e o papel do eleitor na consolidação de uma cultura política que, muitas vezes, normaliza a presença de figuras com fichas criminais e condutas duvidosas em cargos de poder.
Entre o voto e o crime: quando o poder político vira abrigo
Não é raro encontrar, na política paraibana, nomes que transitam entre o palco eleitoral e as páginas policiais. Casos de prefeitos, vereadores e até ex-deputados investigados por corrupção, homicídios e envolvimento com facções criminosas mostram que há um preocupante padrão de tolerância do eleitorado diante do histórico de seus candidatos.
O caso de Wagner de Bebé é emblemático: mesmo envolvido em polêmicas e investigações, o vereador conseguiu angariar apoio popular e votos suficientes para se eleger, reforçando a ideia de que parte do eleitorado confunde liderança com poder e carisma com impunidade.
O risco institucional e moral da escolha pelo “mais forte”
Quando a sociedade escolhe representantes que veem o cargo público como instrumento de proteção pessoal, o sistema democrático é posto em xeque. O episódio da ameaça aos jurados, um fato gravíssimo que motivou a suspensão do julgamento, mostra o quanto o poder político, quando mal utilizado, pode intimidar as instituições e ameaçar o Estado de Direito.
A decisão do desembargador, embora necessária para preservar vidas, escancara uma triste realidade: a violência simbólica e real de políticos que se sentem acima da lei.
O voto como arma ou como esperança
Casos como o de Wagner de Bebé, e de tantos outros políticos paraibanos com passagens pela polícia ou condenações judiciais, revelam uma ferida aberta na democracia: o voto tem sido usado não para transformar a política, mas para perpetuar a impunidade.
É urgente que o eleitor entenda que voto não é gratidão, nem medo, nem favor. É uma ferramenta de mudança e quando mal usada, transforma criminosos em autoridades.
Redação/ExpressoPB
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