Uma tarde de revolta e medo marcou o transporte público de João Pessoa nesta terça-feira (14). Cerca de 50 motoristas de ônibus cruzaram os braços por duas horas, no Centro da Lagoa, em protesto contra a falta de segurança nas linhas urbanas após um colega ser esfaqueado durante o expediente. A paralisação afetou o tráfego e o deslocamento de centenas de passageiros na região central da capital paraibana.
O estopim da mobilização foi a tentativa de homicídio contra um motorista da linha 303, atacado nas proximidades da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no bairro Castelo Branco. Segundo relatos, o agressor tentou embarcar sem pagar a passagem e, ao ser impedido de pular a catraca, reagiu com violência e atingiu o motorista com um golpe de faca.
A vítima foi socorrida pelo Samu e levada ao Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. Conforme boletim médico divulgado no fim da tarde, o condutor segue em estado estável e fora de perigo. O suspeito fugiu logo após o crime e ainda não foi localizado. A Polícia Militar realiza buscas e investiga o caso.
Durante o protesto, o presidente do Sindicato dos Motoristas de João Pessoa, Rone Nunes, fez duras críticas à Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP), acusando o órgão de perseguir e penalizar os trabalhadores, ao mesmo tempo em que ignora as condições precárias de segurança enfrentadas pela categoria.
“A Semob está perseguindo os motoristas, multando pais de família por situações que fogem ao nosso controle. Querem que a gente peça para o passageiro passar pela catraca, mesmo com o ônibus lotado? Isso gera conflito e coloca nossas vidas em risco. Já chega. O colega está no hospital e amanhã pode ser qualquer um de nós”, declarou Nunes.
Ele também cobrou ações efetivas de segurança e fiscalização mais equilibrada, apontando que a atenção do órgão deveria se voltar a outras áreas da cidade.
“Em vez de ficar perseguindo motorista, vá fiscalizar a feira do Oitizeiro, o mercado da Mangabeira, onde caminhões bloqueiam vias e ninguém faz nada. Mas com motorista de ônibus, é multa atrás de multa”, criticou o sindicalista.
A categoria informou que novas paralisações não estão descartadas caso as autoridades de trânsito e segurança pública não adotem medidas imediatas para garantir a integridade dos profissionais.
O episódio reacende o debate sobre a insegurança no transporte coletivo de João Pessoa e expõe o clima de tensão vivido pelos motoristas, que lidam diariamente com ameaças, agressões e falta de proteção policial nas rotas mais movimentadas da capital.
Redação/ExpressoPB
Foto Reprodução: Yanka Oliveira/TV Cabo Branco





